Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

106 PAAS: 20 anos sonhando juntos construindo as ferramentas, ao mesmo tempo em que construíamos os modos de intervenção, nos planos individual e coletivo. Mesmo que estejamos numa universidade privada, não pode- mos perder de vista que a Saúde se inscreve no movimento político da Reforma Sanitária, tendo a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) e a Lei nº 8080 (BRASIL, 1990), que implantou o SUS, como etapas de consolidação desse debate que definiu a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado. Logo, mesmo no contexto das organi- zações privadas, a saúde deve ser pensada em sua dimensão pública, considerando que as iniciativas, nesse âmbito, serão sempre comple- mentares às ações do Estado. O que vem ganhando relevo ainda mais na primeira década do novo milênio, quando passamos a observar maior articulação entre as políticas de saúde e de educação, aproximação há muito defendida pelo movimento sanitário. Lembrando que em todos os países onde existe um sistema organizado essa articulação está de alguma forma presente. Ou seja, os cursos de graduação e pós-graduação formam profissionais para efetivamente atuarem nos sistemas de saúde. Não tenho o propósito de discorrer sobre os princípios fina- lísticos ou estratégicos da Política de Saúde para mostrar os pontos de contato entre ela e a organização de serviços no contexto da extensão universitária. A intencionalidade é reforçar a tese de que é fundamen- tal construir espaços coletivos, interdisciplinares e democráticos, para qualificarmos a formação dos futuros profissionais que atenderão a população, independentemente do contexto onde o farão. Com o SUS, intensificou-se a discussão em torno da formação dos recursos humanos para a área da Saúde. Logo se identificou que uma das dificuldades para a implantação do sistema era a inadequação da formação dos profissionais, com destaque para a atenção básica, considerando que o eixo da assistência, antes do SUS, passava, priori- tariamente, pela instituição do hospital. Ou seja, uma formação marca- damente técnica, voltada aos “procedimentos” específicos de cada área de conhecimento. Claro, isso vem mudando, principalmente após a aprovação da Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2011), “que estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, tomando a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz