Projeto de Atenção Ampliada à Saúde: 20 anos de desafios e possibilidades

PAAS: 20 anos sonhando juntos 103 Foi exatamente nesse contexto de efervescência da extensão que, em 1995, fomos chamados para discutir e apresentar um novo projeto para os serviços da área da Saúde que se localizavam na antiga sede. A proposta era “abrir” esses serviços, interconectá-los e colocá- -los em diálogo com os demais projetos ou programas, em especial com o Prumo, que, naquele momento, atuava explicitamente de forma inter- disciplinar e numa relação de muita proximidade com a comunidade. Esse primeiro ano de trabalho foi dedicado prioritariamente ao estudo. Rastreamos os documentos da extensão em Saúde na Unisinos: registros da história, situação administrativa, produção, e eventuais pu- blicações. Também buscamos referências em experiências de outras instituições. Além disso, iniciamos as primeiras conversas com as equi- pes da Psicologia, da Enfermagem e da Nutrição. Conversas que nem sempre foram tranquilas ou mesmo amistosas. Havia um clima, entre os professores, de ameaça e insegurança, justificado pela forma como a proposta foi inicialmente encaminhada. Por outro lado, reconheciam a necessidade de mudança, mesmo insistindo na manutenção da divisão do espaço físico e das equipes. Foi interessante observar, naquele momento de aproximação, que determinados objetos, como equipamentos específicos dos servi- ços, ou mesmo uma simples mesa, reportavam à identidade profissional. Naquele momento, falar em “comum” era impossível. Compreensível, afinal, o comum não é o mais simples, como nos apontam Capazzolo, Casetto e Henz (2013, p. 13): “ao contrário, é o mais complexo, porque liberto da posse exclusiva, se torna o saber que todos podem inventar”. Por essas dificuldades, a etapa dos encontros com as equipes em separado foi estendida. Fazia-se necessário o cuidado de escutar mais, o que foi ocorrendo durante as reuniões administrativas semanais, nos seminários teóricos ou mesmo em algumas atividades de atendimento. A ideia era construir um clima de convivência e, sempre que possível, ampliá-lo através de discussões que envolvessem os três grupos. Essa estratégia de aproximação foi consolidando alianças e, antes do final do ano, nos propusemos a um encontro ampliado, com a justificativa de apresentar e avaliar o trabalho desenvolvido pelas equipes ao longo de 1995. O mais importante foi que, ao final desse encontro, marcamos, quando do retorno das férias acadêmicas, a primeira reunião de fato da equipe ampliada que, a partir de então, constituir-se-ia no principal núcleo de gestão do “serviço”. O que efetivamente ocorreu.

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