Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
Alexandre de Oliveira Henz, Sidnei José Casetto e Angela Aparecida Capozzolo 97 aqui através de alguns trechos de falas de estudantes envolvidos no processo: “Foi difícil subir aquela rua com uma subida demasiadamente acentuada [...] fiquei me questionando [sobre] a dificuldade dos idosos, das pessoas com pro- blemas de coluna, da perna ou algum problema de saúde [...] subíamos um pedaço e parávamos para respirar e subir novamente [...] não bastando a inclinação da rua, ela era estreita e não possuía calçada.” (Estudante de Nutrição). “A casa encontrava-se na região das palafitas, e foi naquele dia que en- tendi a verdadeira realidade que viviam todas aquelas pessoas. Nas primeiras visitas fiquei muitíssimo incomodada, mas à medida que aconteciam as visitas, esse desconforto pode ser minimizado. No começo era muito difícil conversar e me aten- tar somente à escuta, meu pensamento voava, tentava imaginar como conseguiam morar naquele lugar, tentava não mostrar meu desagrado perante o odor que sentia, tentava agir normalmente diante dos fatos que mais mexiam comigo [...] naqueles momentos tive que deixar meus julgamentos de lado, minhas suposições e hipóteses baseadas em minha vivência pessoal.” (Estudante de Terapia Ocupacional). O contato com diferentes territórios onde vivem as pessoas, com suas condições de vida, afeta de diversas formas, produz inquie- tações, interrogações e parece produzir aberturas para outros modos de pensar, sentir e agir. “[...] quando cheguei ao sujeito, percebi com muita clareza que ali havia um mundo complexo onde certamente iríamos percorrer minimamente uma super- fície.” (Estudante de Psicologia). “[...] nas palafitas, a gente percebeu bem essa diferença, [...] não dava para passar algumas orientações porque a pessoa não ia ter condições para seguir [...]” (Estudante de Nutrição). As experiências apontaram para limites de um saber técnico- -científico que não pode ser aplicado de forma objetiva em qualquer situação e para as insuficiências, imprecisões e equívocos das atuações centradas nesse saber, no seu discurso e competência. (com coordenadores dos eixos dos cursos, o diretor acadêmico, além de geren- tes e enfermeiros). Estruturada em duas fases, as falas foram analisadas através de uma matriz em que se identificavam os temas, as posições assumidas pelos participantes e os trechos representativos dessas posições.
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