Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

80 Grupo de Treinamento de Pais: um relato de experiência A 2ª participante (P2) tem um filho adolescente, com pro- blemas psiquiátricos. Para P2 foi difícil perceber que seus comporta- mentos afetavam os comportamentos-problema do filho. Muitos dos comportamentos destes eram justificados pela participante como inde- pendentes de sua maneira de cuidar. A P2 também demonstrava pou- ca empatia para com o menino. Nos últimos encontros, começou a atentar para seus comportamentos e para os efeitos destes em seu filho. O apoio do grupo foi fundamental para que ela conseguisse observar também os comportamentos positivos do filho, ainda que em alguns momentos não compreendesse que tais comportamentos eram tam- bém gerados por ela. Ao longo do processo de P2, foi possível perce- ber que apresentou melhora na capacidade de compreensão de como seus comportamentos afetam o filho. Tanto os coordenadores, quanto a participante concordaram que se beneficiaria de mais um semestre no grupo, para que discriminasse melhor sua participação na educação do filho, atentando e reforçando os comportamentos funcionais deste. Já a 3ª participante (P3) demandou muita atenção do grupo devido à sua forma de falar, na qual se estendia nos detalhes. P3 foi se adaptando ao ritmo do grupo e buscou contribuir com este nos encon- tros finais. Foi uma das primeiras a atentar para os comportamentos positivos da filha. Além disso, ao punir comportamentos disfuncionais (e.g., com relação à desorganização) da filha, demonstrou a capacidade de fazê-lo apresentando uma nova opção (e.g., ensinando a mesma a se organizar), o que confere um reforçamento diferencial de outros comportamentos. Além disso, P3 demonstrou mais empatia para com a filha nas últimas sessões. Foram notáveis o interesse e a dedicação de P3 a aprender com o grupo, o que a auxiliou a obter um bom desem- penho. Sendo assim, foi sugerida sua alta, e a participante pactua do encaminhamento sugerido. Por fim, a 4ª participante (P4) se mostrava atenta aos comporta- mentos positivos do filho (e.g., relacionados principalmente ao esforço despendido nas interações sociais, que eram difíceis para o menino), reforçando-os quando necessário. O filho de P4 apresenta crises de raiva, diante das quais P4 utilizava punições em seus manejos, o que foi trabalhado no grupo através da análise das consequências da punição. Segundo a participante, a criança possui diagnóstico psiquiátrico, mas apesar das dificuldades que o filho apresenta e da constante necessida- de que sente em puni-lo, pode-se dizer que a grande atenção e empatia que esta possui para com o filho potencializam a relação entre ambos, de forma que nos momentos de crise a criança recorre à mãe. P4 diver-

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