Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

Vanessa Trintin Rodrigues, Gibson Juliano Weydmann e Martha Wallig Brusius Ludwig 79 A discriminação de comportamentos saudáveis dos filhos foi possível graças à psicoeducação sobre comportamento. O conheci- mento sobre a influência do contexto nas ações dos filhos fez com que as mães percebessem que eventualmente atentavam somente para os comportamentos desagradáveis dos filhos, deixando de lado peque- nas ações que poderiam ser reforçadas. A habilidade de discrimina- ção auxiliou no reforçamento diferencial de outros comportamentos, que envolve reforçar respostas desejáveis dos filhos ao invés de punir comportamentos-problema, sendo assim uma forma de construir re- pertórios com a criança que possam inviabilizar repertórios antigos que estão sujeitos à punição. (FALEIROS; HÜBNER, 2007). A comunicação assertiva foi incentivada a todo o momento pelos coordenadores do grupo. Comunicar-se assertivamente significa falar de forma clara e concisa sobre determinado assunto, compreen- dendo suas consequências e visando uma resolutiva que seja benéfica para aquele que se comunica e clara para aquele a quem é comunicado. (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2003). No decorrer do processo de grupo, as anotações dos coordena- dores foram as ferramentas utilizadas para verificar o desenvolvimento do grupo. As anotações foram discutidas e os pontos mais importantes do processo de cada uma das participantes foi devolvido por meio de atendimento individual a cada uma delas. A participante 1 (P1) se dedicou a melhorar sua relação com a filha. Esta mãe se via como “impulsiva”, relatou diversas vezes não pos- suir autocontrole e que sua relação com a filha possuía muitas brigas. Ao longo do grupo, conseguiu atentar para os comportamentos posi- tivos (e.g., auxiliar a mãe com a limpeza da casa) que a filha realizava e que passavam despercebidos devido à relação conflituosa de ambas. A mãe conseguiu reforçar estes comportamentos positivos eventualmen- te e modificar sua maneira de responder a crises (e.g., não discutindo com a filha quando outros problemas paralelos a incomodavam). A filha de P1 eventualmente está na casa de seu pai (i.e., ex-marido de P1) ou na casa da avó (i.e., ex-sogra de P1), o que dificulta a relação da mãe com a filha, pois muitas das regras que estabelece com ela não são compatíveis com as dos outros cuidadores. Apesar de os coordenado- res e desta participante perceberem algumas evoluções, acredita-se que P1 ainda se beneficiaria caso participasse de mais uma edição do grupo de pais, para que pudesse desenvolver melhor algumas habilidades que tornariam sua relação com a filha mais saudável nos momentos em que estão juntas.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz