Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
Vanessa Trintin Rodrigues, Gibson Juliano Weydmann e Martha Wallig Brusius Ludwig 77 Os resultados encontrados após a realização do grupo estão de acordo com as intervenções comportamentais propostas no decorrer dos encontros. A intervenção proposta por Marinho (2005) elucidava aos pais como atentar para seus comportamentos e para os comporta- mentos dos filhos através de treinos discriminativos, em que as ações da criança seriam compreendidas através do contexto e da frequência com a qual ocorriam (e.g. número de vezes que a criança respondia agressi- vamente à mãe). Neste sentido, os coordenadores buscaram manter os fundamentos comportamentais do treinamento de pais em conjunto com as demandas trazidas pelo grupo, o que fez com que a estrutura proposta por Marinho (2005) fosse adaptada para as demandas do gru- po no decorrer de cada semana e para a realidade da instituição onde o grupo acontecia. A estrutura das sessões e um breve desenvolvimento do que ocorreu em cada encontro se encontra no Quadro 1, já contem- plando as adaptações citadas acima. Os coordenadores do grupo incentivaram as mães a considerar durante o processo alguns conceitos-chave baseados na teoria com- portamental que seriam utilizados para entender os comportamentos dos filhos: autocontrole, discriminação de comportamentos saudáveis dos filhos, comunicação assertiva e reforçamento diferencial de outros comportamentos. Os conceitos foram trabalhados ora de forma explí- cita expositiva, ora através de questionamentos que levassem as partici- pantes a pensarem a partir dos conceitos comportamentais. O autocontrole foi exercido pelas participantes a partir da in- vestigação de seus sentimentos e das consequências que comporta- mentos emocionalmente carregados poderiam ter sobre a relação com os filhos. De acordo com Hanna e Todorov (2002), o autocontrole de respostas do indivíduo sobre o ambiente envolve, em certo nível, uma escolha do indivíduo que está de acordo com sua história de vida, sendo esta escolha sujeita à perda de outras variáveis que possam ter influenciado o comportamento. Neste sentido, os pais puderam se au- tocontrolar por terem vivenciado no passado as consequências de seus comportamentos nos filhos (e.g., brigar com o filho após uma briga com o marido), o que fez com que a discriminação (i.e., percepção de uma variável que influencia o comportamento) se tornasse um sinal para a modificação de uma resposta (e.g., evitar brigas com o filho em momentos de estresse). (HANNA; TODOROV, 2002). Através do au- tomonitoramento, as participantes puderam optar por punir os filhos com castigos, ter conversas sérias ou retirar algum prazer dos filhos nos momentos em que estivessem seguras de suas ações.
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