Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

66 Os primeiros passos da Oficina de Contos do PAAS do momento, Eduardo sentou ao lado do pai e foi acariciado por ele, como se buscasse um conforto que lhe permitisse uma seguran- ça para investir na atividade desenvolvida com os demais. Embora a criança se autorize a explorar o ambiente ao seu redor, conforme as suas possibilidades, identificamos que atitudes diretivas colocam a criança em uma situação de insegurança, enquanto atitudes acolhedo- ras a encorajam. Neste mesmo encontro, através da escolha de gravuras foi pro- posto que conversássemos sobre as brincadeiras que conheciam e que fizeram/fazem parte da sua infância. Giovana perguntou a mãe se po- dia sentar no chão, dando uma ideia de que se sentiu autorizada a ocu- par seu lugar de criança. Com a permissão da mãe, conseguiu explorar o ambiente e participar de forma espontânea, já naquele dia. Foi explicado, ainda neste encontro, que a presença dos pais era muito importante e os encontros iriam permitir que todos pudessem se conhecer melhor. Relembrando algumas brincadeiras que fizeram parte da infância dos pais, talvez encontrássemos algumas que fariam parte também da infância de seus filhos, gerando assim uma maior proximi- dade entre eles. Aos poucos as crianças foram escolhendo as gravuras apresentadas e todos os integrantes falaram sobre as brincadeiras que gostavam, até mesmo o pai de Luan e Eduardo que, inicialmente de- monstrou resistência, mencionando que não teve tempo para brincar quando ele próprio era criança. Os acontecimentos da infância dos cuidadores despertaram a curiosidade das crianças que os ouviam com atenção, deixando clara a importância daquele momento em que estavam se apropriando de fatos da vida de seus cuidadores, que até então desconheciam. A dinâ- mica continuou até que falassem sobre todas as figuras, sendo que cada um lembrou de pelo menos mais uma brincadeira e compartilhou com o grupo, principalmente os cuidadores. Alguns tópicos foram nos chamando atenção desde o primei- ro encontro. A mãe de Maria demonstrou grande dificuldade em per- mitir que a menina se torne independente, declarando que a indepen- dência dela lhe dá muito medo e a faz questionar sua utilidade como mãe. A mãe de Estela nunca conseguiu estabelecer laços afetivos com a menina, que foi entregue a ela após a morte do pai e passou então a ser criada pelo padrasto. Estela apresentou-se bastante tranquila, participou da atividade com os demais e conseguiu se posicionar in- dividualmente no grupo, embora desse sinais da falta de uma figura

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