Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
Natália Heloisa das Dores e Michele Scheffel Schneider 63 Por tanto, um conto de fadas pode nos emprestar um sentido, sem que haja uma correspondência com um problema real; não sendo uma ver- dade do sujeito que se elabora através da história, mas, por um tempo, funcionando como se fosse. (CORSO; CORSO, 2009). Saber que os problemas não são somente seus, garante à crian- ça que ela também não está sozinha na sua dor. A leitura ou a narração da história produz reflexões, mesmo quando a criança está só, pois, ao se lembrar da história pode sentir-se mais reconfortada. Os contos são fonte de prazer para as crianças tanto pelo ouvir quanto pela sua representação, e favorecem a socialização pela participação em grupo. (CALDIN, 2004). O trabalho em oficina [...] a “Oficina” é um trabalho estruturado com grupos, inde- pendentemente do número de encontros, sendo focalizado em torno de uma questão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social. A elaboração que se busca na oficina não se restringe a uma reflexão racional, mas en- volve os sujeitos de maneira integral, formas de pensar, sentir e agir.[...]E, embora deslanche um processo de elaboração da experiência que envolve emoções e revivências, a Oficina também se diferencia de um grupo de terapia, uma vez que se limita a um foco e não pretende a análise psíquica profunda de seus participantes. (AFONSO, 2006, p. 9). A Oficina, aqui entendida, é um método de intervenção psicos- social, não sendo um grupo de psicoterapia e nem um grupo de ensi- no. Pretende realizar a elaboração através da inter-relação entre cultura e subjetividade. É formado por um determinado número de pessoas unidas em torno de objetivos comuns, que se reconhecem como tal. Os sujeitos estão envolvidos em um processo de comunicação inter- subjetivo, com linguagem verbal e não verbal, e partilham de valores, linguagem e práticas sociais. (AFONSO, 2006). É possível dizer, considerando as ideias de Afonso (2006), que o processo de reflexão ocorrido em uma oficina passará ou não a um processo de elaboração, dependendo da produção de insights sobre a própria experiência, a partir da reflexão e da relação dessa com os conflitos e acontecimentos vividos enquanto grupo. Assim, a apren- dizagem é uma construção, a partir da elaboração da experiência, tal como percebida no campo grupal. O autor sustenta que através da
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