Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

Natália Heloisa das Dores e Michele Scheffel Schneider 61 histórias infantis podem ser vistos como um amparo estruturante para diversas questões da infância. Rosa (2008) considera que as histórias literárias auxiliam tanto na construção da identidade e da narratividade de um sujeito, como na possibilidade das crianças ressignificarem suas fantasias. Através de processos de identificação e projeção com os perso- nagens a criança pode sentir-se menos sozinha em sua angústia, tendo sensações de alívio relacionadas a esse fato e a construção de identifica- ções que deem conta de relações ambivalentes. Possibilitando também, por meio das histórias, o desenvolvimento da capacidade de poder re- criar seu mundo interior, elaborar conflitos e contribuir ao desenvol- vimento do autoconhecimento e autoestima. (GUTFREIND, 2010). Partindo desses pressupostos teóricos, a proposta inicial da Oficina de Contos buscou contribuir para a redução da angústia que tanto as crianças como os seus cuidadores estavam sentindo e, assim, ser possível compreender a real necessidade de atendimento psicológi- co. Além disso, tinha a intenção de potencializar o vínculo afetivo entre a criança e seu cuidador principal, através da promoção de encontros conjuntos entre eles, sempre com as histórias infantis como pano de fundo. Desta forma, a intervenção em grupo, constituída para acolher o público infantil, nasceu com os seguintes objetivos: possibilitar, atra- vés dos contos, a elaboração de conflitos e o fortalecimento do vínculo da criança com o seu cuidador principal; tornar perceptível a existência de possibilidades de resolução para os conflitos existentes; propiciar o convívio social com outras crianças, por vezes com conflitos semelhan- tes; desenvolver o lúdico e, através desse, promover a construção de um espaço interno no qual a criança pudesse se reportar em momentos de dificuldade. Na época, os principais relatos de dificuldades das crian- ças eram: agressividade ou problemas de comportamento ou conduta; hiperatividade e desatenção; excesso de peso e problemas relativos à ansiedade. (RELATÓRIO ASAV, 2010). Vale considerar que a construção desta proposta esteve vincu- lada ao Estágio Básico em Psicologia da primeira autora, que foi de- senvolvido no PAAS, com a supervisão da segunda autora deste artigo. Este estágio teve como propósito a observação das atividades do local e a proposição de ideias agregadoras ao serviço. Desta forma, uniu-se a necessidade do local em oferecer um espaço que pudesse atender um número maior de crianças de maneira imediata e o desejo da autora em

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz