Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

60 Os primeiros passos da Oficina de Contos do PAAS Introdução O relato de experiência que segue, foi realizado em São Leopoldo/RS, no serviço-escola vinculado aAçãoSocial daUNISINOS, chamado Projeto de Atenção Ampliada à Saúde (PAAS), que objetiva o desenvolvimento de práticas em saúde integradas ao âmbito do ensino e da pesquisa, com caráter interdisciplinar. O atendimento no local, realizado por estagiários, com supervisão de técnicos e professores das áreas de psicologia, enfermagem e nutrição, atende prioritariamente a população de São Leopoldo e tem a intenção de possibilitar a promo- ção de saúde aos seus usuários. Contempla a formação dos acadêmicos, sendo as práticas dos estagiários estruturadas com base em núcleos de trabalho, grupos de supervisão, seminários teóricos, discussões de caso e fóruns interdisciplinares. O trabalho que segue tem a intenção de contar a experiência relacionada a criação da Oficina de Contos do PAAS, prática grupal criada no segundo semestre de 2010, que priori- zou o atendimento das crianças e seus cuidadores 3 . Refletir e problematizar sobre as formas de ingresso dos usuá- rios no PAAS é uma prática constante no serviço. No segundo semes- tre de 2010, a equipe do PAAS estava buscando alternativas de atendi- mento para aqueles usuários que ficavam aguardando na lista de espera, até serem chamados para o Acolhimento 4 . Optou-se pela criação de oficinas conforme a faixa etária dos usuários (crianças, adolescentes e adultos 5 ), sendo que essas tinham como principal objetivo atender aqueles que necessitavam de atendimento imediato, por conta do alto grau de angústia e sofrimento que estavam vivendo, além de ampliar as formas de ingresso dos pacientes no serviço, diminuindo assim a lista de espera. (RELATÓRIO ASAV, 2010). Para o público infantil, pensou-se na criação de uma oficina de contos pela possibilidade dessa perspectiva de trabalho oferecer as crianças um espaço lúdico-terapêutico, no qual pudessem, por meio dos personagens das histórias, entrar em contato com as suas confliti- vas e tratá-las. Torossian (2008) aponta que os contos de fadas e outras 3 Optou-se por utilizar o termo cuidadores (BOWLBY, 1997), uma vez que ele engloba o vínculo afetivo das crianças em relação aos seus pais biológicos e, também, outros significativos que se colocam como responsáveis pela criança. 4 Ler mais sobre o “Acolhimento” do PAAS no artigo “Abracadabra... que apa- reçam as crianças: o relato da criação de novas formas de acolher do PAAS” (BURZLAFF E CASTRO, 2015), no Caderno do PAAS volume 1. 5 Para os adultos a proposta foi a “Oficina de Coping” e para os adolescentes foi oferecida uma “Oficina com dispositivos artísticos”.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz