Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
Débora Cipriani, Francine N. de Souza, Juliana S. Ribeiro, Larissa B. da Luz, Luana de Castro Flores e Rosana C. de Castro 45 Ao pensarmos em nosso grupo, como um espaço rico para nosso aprendizado, cabe ressaltarmos que em alguns momentos é tam- bém um espaço de desconforto. Ansiedades e fantasias estão presentes nesta experiência de estágio, tanto no atendimento com o paciente, quanto no fato de se expor diante do grupo. Somos, como foi dito, estagiárias do primeiro, segundo e terceiro semestres do estágio, viven- ciando, portanto, períodos diferentes de aprendizado e vinculação com as colegas. Desta forma, o primeiro semestre de estágio se torna um momento de maior dificuldade para compartilhar as experiências e sen- timentos, pelo fato do vínculo ainda não estar totalmente constituído, não existir plena confiança nas colegas e pela ansiedade que tudo o que é novo em geral desperta. A experiência vem nos revelando que aprendemos psicoterapia de orientação psicanalítica de forma gradativa, sendo que, na medida em que evoluímos de semestre, e também consolidamos a confiança entre nós todas, conseguimos, de forma sincera e espontânea, apresen- tar as vivências do processo terapêutico com o paciente, o que enri- quece, dá sentido e nos proporciona aprendizado com relação àquelas noções da metapsicologia que de princípio não pareciam fazer sentido. Salienta-se então a importância de construirmos uma relação de con- fiança mantendo assim um diálogo aberto referente aos sentimentos que nos são despertados. Com base em Aguirre (2000), destacamos a importância das estagiárias falarem de suas ansiedades, gerando assim a oportunidade de melhor compreender os sentimentos despertados neste processo de aprendizagem. Os temores recorrentes no período inicial do estágio são comuns para as colegas que já passaram por este momento, assim aquelas que estão mais à frente podem se colocar em- paticamente para acolher as novas integrantes. Compreendemos que quando as ansiedades e fantasias das estagiárias estão em alto nível, o aprendizado na supervisão fica comprometido, razão pela qual as mes- mas deverão ser evidenciadas e trabalhadas, ocasionando um melhor uso do espaço de supervisão, o que significa um melhor aproveitando das orientações recebidas da supervisora e do grupo como um todo. Aguirre (2000, p. 12) complementa ainda que, “nas supervisões, as dis- cussões deverão desenvolver-se sempre considerando dois níveis: o do aprendizado/realização da tarefa e o das ansiedades, fantasias e senti- mentos que esta vai despertando”. Algumas situações ocorridas nas sessões de atendimento que são trazidas para o grupo poderiam passar despercebidas se trabalhadas apenas em supervisão individual. Em uma das supervisões, por exem-
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