Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

42 Supervisão em grupo: ensino aprendizagem em psicoterapia. Relato de experiência Identificamos assim, que a formação do terapeuta é algo que deve ser cuidado. De acordo com Sei e Paiva (2011, p. 14), Acredita-se que o espaço de supervisão deva também ser um ambiente de holding, de respeito e de acolhimento das angús- tias do estagiário, onde ele possa colocar-se verdadeiramen- te, sem defesas. Só em um ambiente de supervisão em que exista esse holding é que o estagiário poderá desenvolver sua identidade profissional a partir de um efetivo pensamento autônomo. Compreendemos que o pensamento autônomo se desenvolverá gradualmente. Em um primeiro momento, o estagiário será mais dependente do supervisor e da experi- ência que este possui, mas, aos poucos, a partir das vivências do próprio estágio, bem como das do grupo de supervisão, desenvolverá sua independência profissional. No primeiro semestre do estágio, percebemos que existe um maior receio em falarmos diante do grupo. Ao relatarmos uma nova experiência, cujo aprendizado é novo e, portanto, não se domina, te- memos viver algo doloroso porque não sabemos como será recebida nossa inexperiência. Apesar do contrato inicial, assegurar uma boa re- cepção dos nossos erros, viver a experiência é diferente. Nas primeiras tentativas, os pensamentos habitualmente costumam ser: “Nossa, todo mundo sabe mais do que eu”, “Olha só, não posso fazer besteira na frente da minha supervisora ”, “As meninas do último semestre sabem mais, eu estou atrasada”, “A supervisora sabe muito, eu nunca vou sa- ber tudo isso”, “Quando chegar minha vez de falar, vou errar tudo”, “Esse inconsciente que todas elas falam, será que um dia vou enxergar isso?”, “A supervisora além de saber tudo, é rápida e objetiva, quando eu falar ela vai pensar que sou burra”, etc… Contudo, apesar dos te- mores e fantasias vamos nos arriscando, pois as colocações das cole- gas “veteranas” nos mostram que o aprendizado vale a pena e de que afinal, não há intervenção perfeita. Fernandes et al (2004), sustentam que supervisionar amplia os significados do olhar, da escuta e ajuda a ultrapassar os obstáculos que surgem no decorrer dos grupos, pois im- plica na cooperação em uma reflexão acerca do trabalho realizado, em encontrar pontos de preocupação e de angústia que estejam impedindo a realização da tarefa. Muitas vezes, algumas brincadeiras, entre nós, têm servido para descontrair, auxiliando a que possamos trazer aquilo que tenha sido considerado um erro muito difícil de compartilhar. Brincar em grupo tem servido para facilitar nossas interações.

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