Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
Débora Cipriani, Francine N. de Souza, Juliana S. Ribeiro, Larissa B. da Luz, Luana de Castro Flores e Rosana C. de Castro 39 Quando em grupo, a supervisão segundo Carvalho (apud FERNANDES et al., 2004) é ainda mais rica, pois dela é possível extrair inúmeras hipóteses que auxiliam no entendimento da prática profissional, uma vez que é possível contar com a associação de ideias advindas do conhecimento que cada componente do grupo traz consigo. O estudo científico relativo a grupos vem se delineando, de acordo com Ávila (2009), a partir de diferentes pontos de vista, desde há dois séculos. No que diz respeito à Psicologia, o autor (2009), apoia- do em Fernandes, Svartman e Fernandes diz que a mesma se apresen- tou com diferentes enfoques, desde a Dinâmica de Grupo, trazida por Kurt Lewin, o Psicodrama de Jacob Levi Moreno, a Gestalt-terapia, a Análise Institucional de Lourau e Lapassade, e concepção sistêmica sobre Famílias. Em Psicanálise, segue Ávila (2009), encontramos desde o trabalho de Freud sobre a Psicologia das Massas, a partir do qual vieram as contribuições de W. R. Bion, de E. Pichon-Rivière, de S. H. Foulkes, de E. J. Anthony, de D. Anzieu e de R. Kaës. Zimermam e Osório, (1997) apontam que todo indivíduo é um grupo, da mesma forma, Käes (apud ÁVILA, 2009) diz que o eu não existe por si mesmo, uma vez que carrega em seu mundo interno um grupo de personagens introjetados (pais, irmãos, filhos), elabora sim uma referência de si próprio que é o que chamamos de indivíduo. Ou seja, de acordo com Käes (apud ÁVILA, 2009) o eu é sempre - ou- tro(s), uma entidade plural. A partir dessas ideias, a concepção de gru- pos é mais ampla, pois cada integrante carrega em si uma grupalidade e, uma vez interagindo em grupo, gera uma nova totalidade. Esta é a realidade psíquica grupal. E, além disso, complementa Ávila (2009, p. 47) “grupo é uma entidade distinta do simples fato de termos sete pessoas andando juntas. A dimensão invisível, latente, inconsciente é a dimensão real do grupo”. A supervisão em grupo é um espaço de significativa produção de conhecimento, pois o aprendizado que se constrói nesta modalidade conta com a contribuição de cada integrante. No relacionamento entre os estagiários e o supervisor existem projeções, identificações e iden- tificações projetivas, às quais quando trabalhadas possibilitam que os estagiários introjetem modelos éticos e técnicos nas suas vivências de estágio. Este movimento, associado aos conhecimentos teóricos, resul- ta em mudanças internas e desenvolve as competências dos estagiários que estão se tornando psicoterapeutas. (ZASLAVSKY et al., 2003).
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