Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano

28 Espelho, espelho meu, existe alguém ‘que precise mais de ajuda’ do que eu? O usuário através do acolhimento permanente do PAAS en- contra um espaço bastante diferenciado, pois se trata de um local onde realizamos, além do ato de acolher e de uma discussão qualificada entre estagiários, professores e técnicos de diferentes áreas de conhecimento, a possibilidade de olhar para a “casa” de quem está sendo acolhido, falando das suas angústias e dos seus sofrimentos. Quando utilizamos a palavra “casa”, nos referimos à realidade que a pessoa nos apresenta através de seu discurso, referente à sua vida. Atua-se dando ênfase ao que cada usuário traz como demanda, mas também, através desse gru- po que acolhe, podemos pensar de diferentes formas, visto que, cada área transmite saberes diferentes para as demais – que com o tempo acabam sendo compartilhados – o que facilita no momento de pensar o melhor encaminhamento para aquele usuário que buscou ajuda e aco- lhida no PAAS. A prática do acolhimento em grupo interdisciplinar nos mobi- liza a ter uma escuta que possibilite uma visão ampliada, e que vise à integralidade do sujeito. O grupo de acolhimento interdisciplinar tem inovado e criado muitas possibilidades de acolher os usuários que che- gam até nós, pois as formas de acolhimento são muitas e cada dia te- mos que nos modificar, nos recriando. Este modelo vem ao encontro da essência que a PNH nos apresenta, de que os encontros possibilitem que cada um possa se reinventar. Entretanto, que isso não seja um mo- vimento solitário ou singular, mas que seja possível uma invenção de si com o outro. Assim, não somente os profissionais da saúde são cor- responsáveis pelo outro, e sim, todos aqueles, usuários ou profissionais que estiverem envolvidos no compartilhamento e na troca de saberes. (BRASIL, 2010). Segundo Oliveira, Tunin e Silva (2008), teoricamente, acolhi- mento deixaria de se resumir à porta de entrada ou à triagem de um local de saúde e passaria a envolver a escuta das necessidades do usuá- rio e a responsabilização do serviço de saúde pelas demandas identifi- cadas. Acolher com um grupo interdisciplinar, segundo Brasil (2005), seria um elemento importante para se obter uma atenção de qualidade e humanizada aos pacientes, onde o usuário tem um tratamento digno e respeitoso, com uma escuta direcionada, aceitação das diferenças e o respeito à decisão do paciente. Acreditamos que no acolhimento permanente é quase impos- sível perder a sensibilidade da escuta ou não se tocar com a dificuldade de cada um que passa por ali, mas também é um desafio saber fazer o

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