Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
20 As ampliações que o trabalho com grupos pode promover em uma clínica escola defendem a primazia de um sobre o outro. Entendemos como afirma Fernandez (1999, p 173) que, [...] o coordenador não é aquele que decifra ou traduz uma verdade oculta, mas alguém interrogador do óbvio, provoca- dor ou disparador, mas não proprietário das produções co- letivas…é aquele que se implica ao constituir condições para que se acesse às diversas singularidades de sentido. 7 Então, formar um profissional de saúde capaz de acolher o di- verso que ressoa no coletivo sem reduzir a uma única explicação, ou sem remeter àquele antigo modelo do problema individual dentro do espaço coletivo pode ser um caminho para desindividualização de nos- sos usuários assim como de nossas equipes de saúde. Num processo de formação de nossos alunos que pretende promover a autonomia, a autoria e o acolhimento das alteridades entendemos que promover experiências de grupalidades, de abertura para o comum implica em poder perceber e inventar novas forma de produzir sentido. A com- plexidade dos grupos nos joga para uma inusitada experiência de não termos respostas fechadas, de nos depararmos com nosso não saber afinal as formações em psicologia, em nutrição e enfermagem quase nada ensinam sobre a especificidade dos grupos, das grupalidades e intervenções coletivas, nos desafiando, portanto, a criar condições mí- nimas de experimentação que possibilitem o trabalho de co-coordena- ção e coterapia dos grupos que propomos 8 . Assim como nos sentimos convocdos a construir novas formas de problematizar as demandas que nos chegam. Tem sido necessário desbravarmos, inventarmos ca- minhos e, também, andar no contrafluxo pois as experiências de de- samparo e solidão tendem a crescer e talvez possam, os grupos ser um espaço-tempo (BARROS, 1993) onde novos modos de enfrentamento sejam ensaiados, onde novas enunciações possam ganhar voz, onde novos movimentos ganhem corpo. Referências AMAYA, Liliana. Grupos desagrupados : evolución en la dinamica grupal. Buenos aires: Lugar Editorial, 2007. 7 Tradução nossa. 8 Grupos interdsciplinares em saúde para crianças e adultos, Oficinas de adoles- centes e pré-adolescentes, Grupos de pais e responsáveis, Grupos terapêuticos de mulheres, Grupos de reeducação alimentar.
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