Grupalidade em um serviço escola: multiplicidades de um fazer cotidiano
16 As ampliações que o trabalho com grupos pode promover em uma clínica escola recorrentes na história dos grupos em nosso país, especialmente, no campo da saúde (BENEVIDES, 2004). Mas seriam estes motivos sufi- cientes para propormos grupos num tempo em que, para as pessoas es- tar em grupos, cooperarem, serem solidárias, socializarem seus dramas tem sido cada vez mais raro e, por vezes, vivido pelos sujeitos do nosso tempo como uma experiência que desrespeita suas individualidades? Por quais outros motivos estaria, o PAAS insistindo e, mais, ampliando suas ações, oferecendo a seus usuários diferentes modalidades e horá- rios de grupos? Quando, o Núcleo de Práticas Grupais coloca para seus in- tegrantes e para toda a equipe do serviço este “para que?”, entende que sim existe uma demanda crescente no campo da saúde em nosso país que bate à nossa porta e, nos constrange a pensar o que significa acolhê-la. Não somos um serviço diretamente vinculado ao Sistema Único de Saúde que tem como um dos seus princípios 2 a universaliza- ção do atendimento, ou seja, funcionar de portas abertas, mas somos um Projeto 3 inserido na rede de saúde de seu município em parceria com as redes de educação e assistência. Somos educadores, professores comprometidos com a formação dos profissionais de saúde do terceiro milênio no Brasil. Desta forma, sentimo-nos convocados a ir além da histórica e tradicional justificativa –de fazer grupo para acolher a gran- de demanda – e nos indagamos das nossas intenções, do que preten- demos promover quando nos propomos a trabalhar com esta tecnolo- gia em tempos de, conforme Amaya (2007) “grupos desagrupados”. Primeiramente, colocarmo-nos esta pergunta implicou em pensarmos em nossas intencionalidades e práticas, em debruçarmo-nos sobre nos- sas ideias, verdades e institucionalidades. Assim como, estávamos nos desafiando a trabalhar na contramão da lógica contemporânea já que conforme afirma Amaya (2007), vivemos a desvalorização das ações grupais em favor das atividades individuais assim como “observa-se um sentimento de perder tempo enquanto se está com o outro, a opo- sição dilemática entre os indivíduos e o grupo assim como com seus possíveis ganhos…” Conhecendo tal realidade nos colocamos a pensar nos objetivos do serviço, na responsabilidade da equipe com os seus usuários, e com a formação que queríamos construir com nossos alu- nos-estagiários. 2 Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_ SUS.pdf>. Acesso em: 07 set. 2015. 3 PAAS – PROJETODE ATENÇÃO AMPLIADA EM SAÚDE – UNISINOS.
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