Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

86 Limites e potencialidades no serviço escola – pensando a dimensão política do fazer psi Essas indagações servem para que possamos manter o espírito já presente no serviço, ou seja, de inquietação, de um serviço que já trás em sua característica o rever-se, a abertura para a mudança e para sua qualificação, mas servem, principalmente, para que o estagiário comece desde as suas primeiras inserções na prática clínica a se aperceber de seu papel enquanto profissional, e quanto ao serviço, de sua responsabilidade em formar levando em conta as realidades sociais que buscam atendimento. A interdisciplinaridade é um aspecto bastante discutido no PAAS, e tema de grande importância para a equipe como um todo. Temos aí uma problemáticadignade atençãoe investimento, pois falar de interdisciplinaridade no serviço escola é pensar, também, os currículos de graduação das áreas que constituem a equipe, pois os estagiários chegarão prontos a aprender com as experiências que construirão no local, mas trazendo as marcas dos bancos da universidade e a carga teórica e política que lhes foram transmitidas. Nesse sentido, cabe perguntar o quanto dessa consciência política, por exemplo, é abordada nas disciplinas, ou seja, o quanto o acadêmico pode se questionar a respeito de seus posicionamentos enquanto estudante, estagiário, futuro profissional, e estar ciente de que toda postura fala de uma ética e traduz um posicionamento que agrega essa dimensão. O cotidiano do serviço, pela dinâmica e pelas possibilidades de desenho que se formam, é atravessado por essa questão. Todos os núcleos do serviço, exceto o de práticas jurídicas, são compostos por estagiários das três áreas já mencionadas. Alguns usuários são atendidos por mais de uma área, porém as dificuldades se apresentam nessas importantes intersecções, que cada vez vem ganhando mais espaços reconhecidos no cotidiano do serviço. Para que esse fluxo interdisciplinar aconteça, temos ainda de exercitar certos deslocamentos e pensarmos o que pode ser comum a todos os profissionais; e mais, às comunidades e diferentes atores que compõem a rede. Temos aí, escancarados os nossos limites e potencialidades, pois falar de interdisciplinaridade os exalta. Mais uma vez, o Núcleo de Práticas Institucionais tenciona a favor do exercício interdisciplinar, tanto internamente, quanto na relação com outros serviços. A prática do profissional de referência se dá, também, a partir da disponibilidade do estagiário em experimentar modos de exercer uma clínica que não está dada, que vai lhe exigir certa autonomia, iniciativa, conhecimento das políticas de saúde. Assim, ele se coloca como um agente que vai deslocando as práticas do serviço para além-muros, fazendo com que a dimensão política de seu fazer ganhe visibilidade e seja objeto de atenção nos processos formativos.

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