Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

76 Reflexões sobre a experiência de um trabalho interdisciplinar na composição de um grupo de ... com crachás e familiares sem crachá) não esteve presente como forças ainda pulsantes de uma lógica centrada na doença, ou seja, sujeito que interessa o nome, é apenas o paciente, o portador da doença e não o acompanhante; e na superioridade dos saberes sobre o objeto de conhecimento. Esses modos de se colocar profissionalmente, são heranças de um modelo biomédico, construído e sustentado por uma relação importante de poder balizada no saber sobre a doença e sobre os corpos adoecidos. Contudo, estes resquícios das durezas que a história da atenção à saúde e das profissões denotam, não foi suficiente para invalidar os esforços do GT de superar tais paradigmas e principalmente, não foi suficiente para abafar as subjetividades que insistem em resistir e fazer produzir algo vivo na ordem do encontro. Há no entanto, um novo paradigma de saúde sendo colocado e produzido, no Brasil, nas universidades e nas ciências da saúde, ele desloca o discurso e humaniza a prática, as proposições do SUS, carregam consigo tais mudanças e refletem-se nas atuações das clínicas escolas como o PAAS. Cruz et. al apud Ribeiro e Amaral 2008, refere a mudança do paradigma biomédico para um atual que contempla dois componentes: A formação do paradigma atual está voltada para a medicina centrada na pessoa e na comunidade, como proposta para uma transformação do método clínico. Esse modelo está assegurado em dois componentes principais: um que se refere ao cuidado da pessoa, com a identificação de suas ideais e emoções a respeito do adoecer e a resposta a elas; e o outro que se relaciona com a identificação de objetivos comuns entre médicos e pacientes sobre a doença e sua abordagem, com o compartilhamento de decisões e responsabilidades (RIBEIRO EAMARAL, 2008). A educação em saúde, estratégia norteadora desta intervenção, tem sido uma tecnologia importante para transformação das práticas de saúde, neste sentido, o conhecimento científico produzido sobre a doença crônica, serve para utilização na vida cotidiana dos sujeitos, primando pelo seu empoderamento, através do respeito e valorização das diferenças, em detrimento de uma atuação impositiva do profissional da saúde frente ao seu paciente e sua doença (FELIPE 2011). Estamos falando portanto, de saúde e de clínica, mas na ampliação desses conceitos, do campo do teórico, do espaço do privado, para a vida, para o cotidiano. Alves aponta que “o campo da educação em saúde vem apresentando uma evolução constante, a exemplo do próprio conceito de saúde, ampliando a visão dos fatores intervenientes sobre o processo saúde-doença, antes focados exclusivamente aos fatores biológicos, abrangendo atualmente fatores como os sociais, econômicos e culturais” (ALVES, 2005 apud FELIPE 2011 pág. 84).

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