Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

74 Reflexões sobre a experiência de um trabalho interdisciplinar na composição de um grupo de ... Primeiro encontro (ou uma história contada do avesso – do-fim-ao- começo) Primeiro dia de encontro. Pessoas, em torno de dez, mais familiares, esposas,maridosefilhas.Profissionais,éramosoito,semfamiliaresmasapoiados em profissões, áreas de conhecimento teoria, quais sejam: enfermagem, nutrição e psicologia. Qual o desafio? Trabalhar interdisciplinarmente? Fazer um grupo? As duas coisas. E ainda mais. As pessoas, o que ela têm em comum é que todas esperam um aparelho, que mede o nível de glicose no sangue delas. Sim, todas tem Diabetes Mellitus tipo 2. Agora já podemos chamá-los de pacientes, portam uma doença e um estatuto que os valida para este espaço. À propósito, este espaço, o Projeto de Atenção Ampliada à Saúde (PAAS), serviço escola na área da saúde da UNISINOS, onde atuam estagiários e profissionais das três áreas acima mencionadas. Hennington refere sobre o serviço dizendo que ele “... é reconhecido institucionalmente pela sua importância como campo de estágio e centro formador para a graduação e como um serviço de referência para o Poder Público; em muitos casos, o único especializado e acessível à população de baixa renda, principalmente nos casos de atenção psicológica e nutricional, que constituem a maioria dos atendimentos.” (HENNINGTON, 2005, p. 259). Quem são: visíveis ao olhar e um pouco além Bem, os pacientes aparentavam ter, em sua maioria, mais de 50 anos e uma condição social (ainda não sabemos explicar como apenas com o olhar podemos afirmar tal condição) de baixa-renda, e alguns com limitações físicas e intelectuais. A definição de baixa renda, em todo o mundo, ainda apresenta grandes diferenças no que tange a renda da população. Para participar dos programas sociais do governo brasileiro, conforme o DECRETO Nº 6.135, DE 26 DE JUNHO DE 2007 Art 4 entende-se como baixa renda, aquela com renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo; ou a que possua renda familiar mensal de até três salários mínimos. No entanto, apenas essa definição não basta para descrever aquilo que como conjunto de características, diferenças, podemos chamar assim, confere aos sujeitos o lugar do indivíduo de baixa-renda. Percebe-se uma transgressão aos ideais impostos aos corpos na contemporaneidade, são aqueles que afrontam a norma, mas que sustentam a lógica, que mantém a exclusão, o que está muito além e aquém da renda. Na uma gestão dos corpos, faz-se necessário o contraste ao modelo de ideal, para poder gerar o excluído, a noção de exclusão. E trata-se de ingenuidade

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