Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Michele Scheffel Schneider e Rosana Cecchini de Castro 47 dos desejos do genitor alienador ou transformada em objeto de barganha e disputa do casal. Mesmo que o objetivo da perícia não seja o tratamento psicológico propriamente dito, entendemos que a escuta realizada neste momento avaliativo pode contribuir para a compreensão dos danos causados e minimizar as ações alienadoras destas crianças e adolescentes que estão passando por este sofrimento. Além disso, caso necessário, os mesmos serão encaminhados para um atendimento psicológico posterior. Diante de tais conflitivas, entendemos que a avaliação pode servir como auxílio aos sujeitos para expandir e qualificar suas possibilidades de estabelecimentode vínculos e potencializar suas interações comos demais, uma vez que tem, neste processo de intervenção, um espaço para a construção de novas maneiras de relação, para reflexões e elaborações, decorrendo daí novas formas de simbolização para suas vivências. A prática tem demonstrado que apesar das dificuldades encontradas, considerando a complexidade dos casos atendidos, o trabalho tem possibilitado uma reorganização e ressignificações na vida destes sujeitos. A perspectiva que se vislumbra com as perícias psicológicas de ampliar a visão dos envolvidos, facilitar a comunicação entre as pessoas, melhorar o relacionamento entre eles e, em última instância, contribuir para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, permite ainda compreendermos, com mais qualidade as situações processuais e, assim, fundamentarmos a construção do laudo com maior consistência e detalhamento, o que, no nosso entender, contribui com o fazer jurídico. Algumas considerações Entendemos que o trabalho desenvolvido no Núcleo de Práticas Jurídicas do PAAS promove não só a realização de perícias psicológicas, mas também a promoção de saúde. A prática profissional quando realizada em grupo, permite a reflexão conjunta, as trocas interdisciplinares e, sobretudo, a união de forças em prol de um “bem maior” que são os usuários que chegam, neste caso, sem motivação para o tratamento. São pessoas que são intimadas e não convidadas e, por meio desta “demanda” somos convocados a construir um sentido ao longo das sessões de avaliação psicológica. Para finalizar esta escrita, que abre possibilidades para muitas outras, destacamos especialmente dois pontos, que fizeram parte das discussões do Núcleo. Um deles, relacionado à falta de um olhar para as crianças, ou seja, situações litigiosas nas quais os cuidadores apresentaram muitas dificuldades de identificar que suas ações decorrentes de seus sentimentos de raiva e ressentimento pelas situações de separação, abandono, traições, sensação de

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