Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola
44 Os desafios da prática interdisciplinar nas perícias psicológicas: relato de experiência na conduta dos mesmos com os filhos, que se mostrava instável. Além disso, situações envolvendo negligência familiar e uso de drogas, também faziam parte desta história. Identificou-se que os filhos se sentiam responsáveis por cuidar dos pais, ora apaziguando, ora tomando partido de um deles, de acordo com o que supunham mais conveniente para si. A rede de apoio era praticamente inexistente, os pais tinham a intenção de promover mudanças em suas atitudes, que denotassem um maior cuidado, porém as dificuldades emocionais dos mesmos se sobressaíam. CASO 4 : A menina foi encaminhada para avaliação psicológica, em decorrência de um abuso sexual sofrido há dois anos, quando tinha a idade de cinco anos. Hoje, com sete anos, a situação do abuso sexual não é trazida no setting terapêutico de forma direta, no entanto, ao brincar a menina fala do seu ambiente familiar, denunciando uma possível negligência por parte dos seus cuidadores. A menina dorme com os pais, apesar de existir um espaço físico na casa que pudesse ser organizado como seu quarto. Ela já teve um quarto só seu, que hoje é destinado para outras atividades. Além disso, existem evidências de que ela siga brincando na rua até tarde da noite, em torno de 22h, sem a supervisão dos pais, situação semelhante na qual teria ocorrido o abuso. CASO 5 : Toda a família foi encaminhada para avaliação psicológica, em decorrência do pedido de guarda solicitado pela mãe há quatro anos. As crianças moram com o pai desde a separação do casal. A separação foi bastante conflituosa, o que reflete numa comunicação bem difícil entre eles, até o momento. Foi constatado que o pai demonstra atitudes de controle e mostrou-se competente em relação aos cuidados com os filhos. Com a mãe, foi entendido que ela demonstra desejo de encontrar seus filhos, sem que isso fique atrelado à decisão do pai. A mãe se mostra preocupada em respeitar a vontade dos filhos e refere que pode desistir da guarda caso os filhos prefiram permanecer com o pai. Na avaliação das crianças, evidenciou-se grande preocupação da filha mais velha em optar por um dos genitores, preferindo a reconciliação dos pais. O menino de nove anos verbalizou que gostaria de permanecer morando com o pai, mas também ficaria satisfeito com a guarda compartilhada. O filho mais novo, hoje com quatro anos, não reconhece a genitora como mãe, referindo-se a tia como tal. O discurso dos pais é contraditório e entende-se que a responsabilidade da decisão é colocada nos filhos, que ficam divididos diante de um discurso velado de alienação parental. CASO 6 : A família foi encaminhada para avaliação psicológica, em decorrência de um pedido de ação de alimentos, solicitado pela mãe. Inicialmente, a mãe alega que o valor pago pelo pai do menino, não está sendo suficiente para as despesas necessárias. Ao longo da avaliação psicológica foi se percebendo que existia um elevado grau de dependência da mãe em relação ao filho e, tal conduta, tem impossibilitado um bom convício entre pai e filho. A mãe enxerga o filho como frágil e prejudica os possíveis encontros com o pai e, de certa forma, impede a convivência entre eles, alegando que apenas ela pode dar os cuidados necessários para a criança. O pai demonstra sofrimento com tal situação, mas não consegue
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