Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Michele Scheffel Schneider e Rosana Cecchini de Castro 43 dos envolvidos, conforme sugere Franca (2004). Vale considerar que a cada semestre uma dupla de estagiários é responsável pela realização da avaliação psicológica, que contempla desde o atendimento dos sujeitos envolvidos na situação processual, até a elaboração do laudo. No ano de 2014, cada perícia psicológica teve a duração aproximada de quatro meses, nas quais foram avaliados todos os membros da família e, também, outras pessoas que a equipe entendeu necessário. Em geral, as sessões foram individuais, com encontros semanais que duraram, aproximadamente, 50 minutos. Cada integrante da família foi escutado entre dois a quatro encontros. Os demais foram escutados conforme a necessidade, entre um e dois encontros, com o intuito de complementar os relatos trazidos pelos sujeitos indicados pelo juiz. As técnicas psicológicas predominantes, utilizadas ao longo das sessões de avaliação deste período foram: entrevistas clínicas, aplicação de testes psicológicos, em geral o teste projetivo HTP: House – Tree – Person (BUCK, 2009; RETONDO, 2000) e, também, a Hora do Jogo Psicodiagnóstica (OCAMPO, 1994; ABERASTURY, 1992). Breve descrição dos casos Em 2014, a equipe se deparou com sete processos encaminhados pelo Poder Judiciário, através da Vara de Família e Juizado da Infância e Juventude: CASO 1 : A situação foi encaminhada para avaliação psicológica, em decorrência de um pedido de regulamentação de visitas movido pelo pai. Nesse caso, a mãe do garoto se negou a realizar a avaliação psicológica, pela mesma ser realizada por estagiários. O pai, por sua vez, prejudicou o resultado da avaliação, uma vez que se mostrou sedutor e envolvente com as estagiárias. Identificou-se que o filho estava prejudicado em seus cuidados, não possuindo efetivamente uma figura de referência que desempenhasse o papel de cuidador. O menino já tinha idade escolar, porém não frequentava a escola, pois a família não considerava necessário. CASO 2 : O caso foi encaminhado para avaliação psicológica, em decorrência de uma solicitação de guarda feita pelo pai. Nessa situação, foi identificado que os pais do garoto ainda apresentavam muitas mágoas e sentimentos não resolvidos, derivados da separação conjugal ocorrida há, aproximadamente, 3 anos. Em função disso, as funções materna e paterna mostraram-se comprometidas, refletindo em condutas instáveis e pouco acolhedoras nos cuidados com o filho. O menino já estava apresentando dificuldades na escola e de conduta, o que tornava a situação com indicadores de sofrimento. CASO 3 : A situação envolvia duas crianças, cujos pais estavam em disputa de guarda. Foi identificado que a relação entre os dois genitores era conflituosa e isso refletia diretamente

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