Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola
Michele Scheffel Schneider e Rosana Cecchini de Castro 41 em duas áreas de conhecimento distintas, com uma compreensão sobre o sujeito bastante diferente. Conforme Oliveira (2012, p. 2), o “Direito possui por objetivo a criação de normas que visam instruir os indivíduos de uma dada sociedade a reger suas práticas cotidianas levando em consideração o que é aceitável por esta sociedade, de acordo com o bem geral de toda a comunidade”. Já a Psicologia, tem como objetivo compreender o indivíduo e seu comportamento inserido nesta sociedade e, ainda, busca entender o comportamento dos indivíduos como um todo, considerando a sua inserção no social. Do trabalho conjunto destas áreas identificamos com Bucher- Maluschke (2007, p. 94) que: Assim, o trabalho do psicólogo nas últimas décadas abriu espaço importante no campo jurídico redefinindo, desta forma, o que veio a se denominar Psicologia Jurídica. Vimos surgir um desenvolvimento teórico e metodológico a partir de investigações científicas, procurando compreender complexidade desta área tão ampla. Com base em Barros (1997), no entendimento do direito o sujeito é totalmente consciente de seus atos. Já no entendimento da psicologia, esse sujeito não é totalmente consciente, uma vez que existe o inconsciente, onde o sujeito apresenta comportamentos cuja razão ele próprio desconhece. Levando em conta a perspectiva do inconsciente, Bucher-Maluschke (2007, p. 94) afirma que: Tanto o Direito quanto a Psicanálise procuram compreender o sujeito e suas relações. Um na perspectiva objetiva dos fatos e a outra, mais subjetiva, tanto no nível do consciente como no inconsciente. De qualquer forma, estamos diante de um único sujeito, mesmo se ele engloba duas realidades distintas. Identificamos como essencial o diálogo entre essas duas áreas para a eficácia do trabalho destes profissionais, no contexto das perícias psicológicas. Neste sentido, a interdisciplinaridade pode proporcionar melhores recursos frente ao sofrimento daqueles que se encontram em perícia psicológica. Muitas das famílias que chegam ao serviço para este fim encontram no espaço proporcionado para a avaliação psicológica a primeira possibilidade de escuta, por um profissional capaz de acolher seus integrantes de modo a poderem falar de seus conflitos, de suas dores, de suas histórias de vida. Através das narrativas, evidenciam-se quais as origens dos litígios e que estes consistem em geradores de grande desgaste emocional, atingindo a todos envolvidos das mais variadas formas e intensidades. E, como não poderia deixar de
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