Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

40 Os desafios da prática interdisciplinar nas perícias psicológicas: relato de experiência intercessores. Não uma verdade a ser preservada e/ou descoberta, mas que deverá ser criada a cada novo domínio. Os intercessores se fazem, então, em torno dos movimentos, esta é a aliança possível de ser construída quando falamos de transdisciplinaridade, quando falamos de clínica. Atualmente no PAAS, as avaliações psicológicas decorrentes dos casos enviados pela Vara de Família e Juizado da Infância e Juventude, são realizadas por uma dupla de estudantes da área de psicologia, que através de entrevistas e utilização de outros instrumentos, levam ao grupo do núcleo os relatos, o material gráfico, os protocolos e suas percepções, com o objetivo de discutir os casos com as outras duplas e, prioritariamente, receber a supervisão semanal das duas psicólogas supervisoras responsáveis. A opção por organizar os acadêmicos em duplas deve-se ao fato de que cada situação encaminhada ao serviço, coloca em pauta a avaliação psicológica de muitos atores envolvidos em cada um dos processos. Não raro temos os genitores, dois ou três filhos e alguns avós para avaliar. Dessa forma, em duplas, os estagiários possuem melhores alternativas para a distribuição das tarefas entre as várias pessoas com as quais estarão implicados. Além disso, ampliam a possibilidade de discussão entre eles, facilitando trocas ou ações cooperativas. Cabe ressaltar que a avaliação psicológica realizada pelo serviço busca sempre escutar a todos implicados na situação litigiosa, para além do réu e do autor, na tentativa de ampliar o olhar para as crianças ou adolescentes, que geralmente passam a conviver em um ambiente de agressividade e disputas. Não é rara a existência velada no discurso das pessoas envolvidas no processo, de que decisões importantes, como por exemplo, a escolha da criança permanecer com o pai ou a mãe, ou mesmo separar-se dos seus irmãos, recaia sobre as próprias crianças. Identifica-se, através da escuta e demais instrumentos, o quanto os cuidadores, ditos adultos responsáveis, encontram-se em situações de extrema fragilidade e, assim, não conseguem assumir uma postura protetiva para com os pequenos. Diante disso, constata- se que as crianças carregam o peso e, muitas vezes a culpa, de um litígio pelo qual não são responsáveis, mas pelo qual são diretamente atingidas e, em consequência, severamente prejudicadas em seu desenvolvimento e organização emocional. Diálogo entre a psicologia e o direito Inicialmente, a reflexão acerca da interdisciplinaridade existente entre psicologia e direito, pode causar certo estranhamento, uma vez que implica

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