Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola
Michele Scheffel Schneider e Rosana Cecchini de Castro 39 Perícia psicológica: a prática desenvolvida no PAAS Considera-se que a perícia psicológica já é uma prática consolidada no fazer psicológico. Lago et. al. (2009, p. 486) referem que, “no que se refere à Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados”. De acordo com Rodrigues, Couto e Hungria (2005), dentre as demandas mais frequentes estão disputa de guarda e regulamentação de visitas. O laudo pericial, originado a partir da avaliação psicológica, tem como principal objetivo contribuir para a decisão judicial e pode ser considerado como mais uma prova integrada ao processo. De acordo com Shine (2009, p. 14), O laudo psicológico é peça privilegiada dos autos do processo em Vara de Família enquanto um documento onde se entrelaçam as demandas legais com as análises psicológicas. Documento técnico e oficial no qual as contradições dos pedidos e dos desejos se fazem presentes na escritura que busca “congelar” uma dinâmica e propor saídas pragmáticas e juridicamente válidas. O profissional responsável por tal perícia tem a liberdade de escolher qual metodologia utilizará para realização da avaliação psicológica. Desta for- ma, sendo o PAAS um serviço interdisciplinar, também no que tange as pró- prias áreas da Psicologia, compõe-se o núcleo de diversas abordagens teóricas. No caso específico do serviço escola do Curso de Psicologia da UNISINOS, teoria Analítica e Institucional, teoria Cognitivo Comportamental e teoria Psicanalítica, pela compatibilidade com o Projeto Político Pedagógico do Curso (2009). Assim, cabe aos peritos, no caso, peritos estagiários, estarem munidos de instrumentos, sejam eles testes, entrevistas e/ou observações, que estejam em consonância com o seu referencial teórico, de modo a tra- duzir no laudo psicológico suas percepções sempre com base na teoria. No entanto, destaca-se que a dinâmica das discussões realizadas orienta-se pela busca do bem estar dos envolvidos e, principalmente das crianças e adoles- centes implicados nos processos, assim como a escolha do que será aplicado, identificando-se o favorecimento das várias teorias nas diversas intervenções e/ou compreensões realizadas. Conforme Passos e Barros (2000, p. 77): Aqui a noção de transdisciplinaridade vai ganhando novos contornos. Não se trata de abandonar o movimento criador de cada disciplina, mas de fabricar intercessores, fazer série, agenciar, interferir. Frente às ficções preestabelecidas, opor o discurso que se faz com os
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