Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Marili Adelaide de Azeredo Burzlaff e Rosana Cecchini de Castro 31 buscar atendê-las a partir de nossos encaminhamentos pode impeli-la rumo à integração e independência, tornando-a capaz de se defrontar consigo e com o mundo (WINNICOTT, 1982). Assim, nossas práticas se voltam no sentido de fornecer um ambiente que cuida para conquistar a confiança da criança, facilitando sua adaptação/ vínculo ao serviço e/ou tratamento. Com isso, podemos suster, através do acolhimento, a angústia e sofrimento que a criança está experimentando. Dessa forma, escutá-las significa ampará-las em sua dor e, com isso, possibilitar que possam dar a ela um sentido, simbolizando-a. Considerações finais O acolhimento é a chave mestra de nossas ações no PAAS, enfocando as questões do indivíduo dentro dos contextos em que se desenvolve, isto é, sua família e relações e, por isso, exige outras formas de pensarmos nossas práticas de intervenção, assim como a de compor saberes nas equipes para produzir o cuidado com a saúde. Nosso trabalhona instituição, assimcomo a aquisiçãode conhecimento e de aprendizagem de técnicas, deve voltar-se para a reflexão, no intuito de nos mobilizar para a produção do novo e para a ampliação dos cuidados na saúde. Nesse sentido, o Núcleo de Acolhimento no PAAS, assim como todas as práticas na instituição, buscam manter-se em constante movimento, mostrando-se abertos para repensar suas práticas a partir dos saberes, da escuta e da aceitação daquilo que produz na relação com seu usuário. Por isso, está em constante transformação, reinventando-se a cada momento. Neste contexto, destaco a importância da participação do psicólogo no Núcleo de Acolhimento, pois este se torna bastante relevante na medida em que dispõe de ferramentas que poderão ser úteis para um olhar mais integrado no acolher. Além disso, mais especificamente no encontro com as crianças, ficamos mais suscetíveis a nos enredarmos em nossas próprias questões infantis, e conosco, durante a construção desta prática, não foi diferente. Em determinados momentos, fomos mobilizados por nossas questões infantis que formaram pontos cegos na nossa escuta. Nestes momentos, nosso saber técnico foi bastante importante para que, a partir do tratamento pessoal ao qual nos submetemos como exigência para a boa prática de nosso trabalho, pudéssemos perceber, identificar e superar tais questões (CAMARGO-BORGES e CARDOSO, 2005; MEIRA, 2009). Desta forma, no decorrer deste percurso, pudemos constatar que o discurso que se processa nos encontros com os pais engloba não somente as

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