Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Marili Adelaide de Azeredo Burzlaff e Rosana Cecchini de Castro 27 nossas práticas. Nosso usuário em questão eram as crianças e, como tal, seria imprescindível que as escutássemos para poder encaminhá-las, pois, do contrário, estaríamos colocando-as numa posição de invisibilidade e, com isso, fazendo-as desaparecer como sujeitos diante da autoridade dos adultos. As crianças estavam, até então, neste processo, à mercê do que os pais julgavam serem suas necessidades e o melhor a ser feito a respeito disso. Um olhar para as crianças Historicamente, a infância e a criança ocuparam diferentes espaços e funções na sociedade e na família. A descoberta do sentimento atual da infância aconteceu entre os séculos XV e XVIII, e, a partir de então, esse sentimento continua a ser construído e modificado ao longo do tempo e de acordo com contexto sociocultural; porém, sempre dentro da perspectiva de como os adultos enxergam esta fase e respondem à criança. Contudo, em muitos espaços nos quais a criança interage, ainda persiste a ideia de que ela precisa ser moldada para corresponder àquilo que almejam os adultos. (ARIÈS, 1981). Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA veio para registrar efetivamente o reconhecimento desta fase de desenvolvimento do ciclo humano e assegurar que a criança, assim como o adolescente, possa desenvolver-se com dignidade e respeito. O artigo nº 4 do ECA, lei nº 8.069, de 1990, dispõe que É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990, p. 1). Com isso, a criança passou a ter a possibilidade de assumir um papel mais ativo no seu processo de desenvolvimento. Nesse sentido, fazer escolhas e emitir sua opinião passou a ser respeitado socialmente em diversos contextos. Tomados por este sentimento de infância e por esta forma de olhar para as crianças, percebemos que estas estavam invisíveis neste processo e neste espaço dentro da instituição, pois não eram muitas vezes vistas, nem sequer escutadas para podermos fazer os encaminhamentos. Percebemos, que seria importante possibilitar um espaço de acolhimento para as crianças na instituição, uma vez que o PAAS também

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