Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Marili Adelaide de Azeredo Burzlaff e Rosana Cecchini de Castro 25 pessoas aproximadamente. Posteriormente, a equipe reunia-se para discutir os casos e fazer os encaminhamentos. Porém, este Núcleo é muito dinâmico e por isso está constantemente se experimentando de diferentes formas e adaptando-se às exigências do serviço em sua realidade contextual. Dessa forma, a partir desses movimentos instituintes que o caracterizam como prática, os encontros com o usuário passaram a ser feitos uma vez na semana, durante uma hora, em que o grupo acolhido passou a ser então composto por oito pessoas. O espaço de supervisão foi ampliado, valorizado por mais seminários teóricos, estudo de casos e discussões, qualificando a todos tecnicamente para acolhermos e fazermos os encaminhamentos e, consequentemente, potencializar nossa formação acadêmica. O grupo acolhido é coordenado por um estagiário da Nutrição ou Enfermagem, e outro da Psicologia, que, obrigatoriamente, sempre compõe a dupla por ter um maior conhecimento sobre a coordenação de grupos e para que desenvolva maior domínio nesta atividade. O encontro acontece na sala de Gesell, onde, atrás do espelho, fica uma equipe interdisciplinar que observa e faz anotações no prontuário daquilo que é trazido pelos usuários. Esta equipe é composta por estagiários, técnicos, professores e supervisores das respectivas áreas. Este encontro é permeado pelo diálogo e por isso denominado por Teixeira (2003) como “acolhimento-diálogo”, que deve ser pautado pelo entendimento e por uma negociação permanente das necessidades do usuário a serem satisfeitas. Para isso, torna-se imprescindível o exercício de uma escuta diferenciada, para que aquilo que é comunicado além do que é dito, possa ser percebido, o que justifica, de certa forma, a obrigatoriedade da participação de um estagiário da psicologia na coordenação do acolhimento, fato que ressaltei anteriormente. Este processo do acolher pode se estender para mais de um encontro; porém, não excede normalmente a quatro encontros. Após cada prática de acolhimento, a equipe reúne-se e acolhe primeiramente os coordenadores. Estes falam de suas percepções e de como foram afetados neste momento com o outro. Então se discute sobre o que cada usuário trouxe como queixa, verificam-se as urgências e pensa-se em alternativas de encaminhamento para o serviço, para outros serviços da universidade ou para a rede do município. Desta forma, torna-se relevante que o profissional que atua nesta prática tenha conhecimento a respeito das possibilidades dentro da rede de saúde da cidade, para que possa ampliar seus conhecimentos e estabelecer parceria com outros profissionais da rede.

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