Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Marili Adelaide de Azeredo Burzlaff e Rosana Cecchini de Castro 23 Mehry (2000) denomina de tecnologias as ferramentas que podem ser utilizadas pelo profissional da saúde enquanto saberes ou seus desdobramentos materiais e não materiais. O profissional deve utilizá-las conforme for necessário e fizerem sentido no encontro com o usuário. Estas tecnologias por si só se constituem no que o autor designa de “trabalho morto” (saberes, máquinas e equipamentos), mas que podem ser contaminadas pelo agir do profissional sobre o usuário mediante o ato, o “trabalho vivo”, que pode se impor sobre o trabalho morto no encontro. Dessa forma, o acolhimento constitui-se num importante espaço dentro do PAAS, em que se inicia o processo de cuidado que é vivido no ato e que visa à integralidade do sujeito, à potencialização de vínculo na relação trabalhador-usuário e usuário/serviço e à integração das diferenças que se produzem numa dimensão do trabalho interdisciplinar. História do PAAS e do acolhimento como prática na instituição O PAAS nasceu nos anos 80, quando existiam na Universidade os serviços de Enfermagem, Nutrição e Psicologia que abrigavam as ações dos acadêmicos dos cursos com a comunidade externa, prestando serviços nestas diferentes áreas, mas de forma independente e segmentada. A partir de novos contextos, um compromisso maior da Universidade com o ensino e a comunidade se fez necessário e, então, em 1996, a partir de uma ação conjunta das diferentes áreas, ocorreu a integração dos serviços, surgindo assim o PIPAS (Programa Interdisciplinar de Promoção e Atenção à Saúde). Operacionalmente, o acolhimento foi implantado em 2001, como forma de intervenção em substituição à triagem, numa tentativa de reduzir a fragmentação dos atendimentos das áreas e amenizar os problemas de lista de espera. Nesse período, o Acolhimento Permanente funcionava da seguinte forma: a partir de demanda espontânea ou encaminhamentos, o usuário era atendido por um aluno mais experiente, de qualquer um dos cursos de graduação vinculados ao serviço. Nessa perspectiva, eram efetuadas três consultas diariamente. Posteriormente, este mesmo aluno levava todas as informações para a discussão nos núcleos interdisciplinares em que eram dados, então, os encaminhamentos necessários (HENNINGTON, 2005). Em 2004, o serviço passou a ser designado como PAAS – Projeto Ambulatorial de Atenção à Saúde, em decorrência de mudanças políticas sofridas na Universidade, passando a integrar um dos programas de Ação Social da Associação Antônio Vieira – ASAV, mantenedora da UNISINOS.

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