Os desafios da prática interdisciplinar em um serviço escola

Marili Adelaide de Azeredo Burzlaff e Rosana Cecchini de Castro 21 experimentar nas diferentes práticas, vivenciando-as de diferentes maneiras. Logo no primeiro dia, quando apresentada ao Núcleo de Acolhimento Permanente, apaixonei-me por este espaço e não tive dúvidas de que ali era o lugar que queria estar neste período de inserção por entender que, como sendo este a porta de entrada dos usuários, queria que fosse a minha também na instituição. Implicada com minhas práticas, permaneci neste lugar por um ano, o que me possibilitou grande aprendizado e crescimento. Mobilizada por uma enorme inquietação e desassossego, sugeri a criação de uma nova prática para este Núcleo. Acreditava ser importante podermos acolher as crianças, pois quando os pais vinham falar por elas, sentia a necessidade de poder vê-las e escutá-las também. O Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH) e consiste, no primeiro contato do usuário com o serviço. Assim, esta prática consiste na escuta do usuário em suas queixas e necessidades, respeitando seu protagonismo durante o processo e corresponsabilizando-o na resolução dos seus problemas (BRASIL, 2008). Embora se baseando nas premissas do Sistema Único de Saúde (SUS), o PAAS adota características peculiares no cumprimento desta diretriz. Entre as características desse serviço, cabe citar o caráter grupal, que é compreendido como um dispositivo terapêutico na medida em que o que ecoa a partir do discurso do outro no grupo é interventivo e, portanto, pode beneficiar o usuário já neste primeiro encontro com o serviço. A partir disso, o grupo pode potencializar sentimentos como solidariedade, reciprocidade e identificações, que vão colaborar para que o usuário construa autonomia e, com isso, torne-se protagonista neste processo (ZARA, 2008). Hennington (2005), enquanto membro da equipe do PAAS (referindo-se á época em que ainda organizava-se como PIPAS – Programa Interdisciplinar de Promoção de Atenção à Saúde), aborda a reorganização deste espaço, afirmando que [...] surge uma nova instância terapêutica, expande-se a forma de acolhimento, buscando-se ainda o delineamento de novos caminhos de interação trabalhador/aluno-usuário e resposta aos problemas de saúde e, quem sabe, a constituição de um verdadeiro espaço reflexivo, crítico e de autogestão. (HENNINGTON, 2005, p. 261). Dessa forma, a prática do acolhimento é, desde sempre, assumida no PAAS como uma postura ética, buscando sempre trabalhar numa concepção ampliada de saúde e numa perspectiva de integralidade do cuidado do sujeito. Apresenta-se também como um organizador no serviço, visando à melhoria

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