A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

96 Capítulo VI – Assédio moral e ética no trabalho todos(as) os(as) profissionais; apontar eventuais problemas e sugerir correções; reforçar e exigir que se cumpram as resoluções da COREMU. Já o assédio moral se caracteriza por: forçar o(a) residente a trabalhar oitenta horas, quando seu contrato prevê sessenta horas; não supervisionar as atividades ou não orientar os(as) residentes adequadamente; desrespeitar as resoluções dos Conselhos e solicitar que sejam seguidas condutas não éticas; atribuir erros imaginários ou fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto, principalmente em público (CREMESP, 2017). Para esclarecer as diferenças entre hierarquia e assédio moral refletimos enquanto Coletivo de Residentes e trazemos algumas considerações: assinamos um contrato no início da Residência comprometendo-nos a trabalhar – na modalidade ensino-serviço – e a estudar sessenta horas semanais; além da carga horária de prática e teórica, ainda utilizamos o período noturno e dos fins de semana para estudar quanto aos casos que acompanhamos, elaborar atividades e organizar materiais para os grupos dos quais participamos, produzir os trabalhos teóricos solicitados a cada semestre – estudo de caso e portfólio –, ao término do primeiro ano de Residência – Projeto de Pesquisa do Trabalho de Conclusão da Residência (TCR) – e ao término da Residência – artigo do TCR –, entre outras; dividimos, ainda, o tempo da noite e do fim de semana para participar de vivências no controle social dos cenários de práticas e práticas complementares, para cumprir com a carga horária das horas complementares da Residência. Nesse sentido, a bolsa que nos é destinada para efetivação da prática que desempenhamos enquanto profissionais/estudantes, assim como todo(a) e qualquer trabalhador(a) recebe pelo trabalho que realiza ou função que desempenha, acaba suprindo, por diversas vezes, materiais para utilizar com os(as) usuários(as) nos grupos, deslocamentos de serviço/campo a outro no mesmo dia – lembrando que muitas de nós utilizam mais de um meio de transporte – e mesmo para pagamento de taxas de inscrição de cursos e eventos, pois nem todos são gratuitos. Enquanto Coletivo de Residentes, sentimos a necessidade de esclarecer essa dinâmica de exclusividade, pois percebemos, por vezes, a reafirmação da exigência das sessenta horas semanais de forma a questionar sua real efetivação quando, no entanto, a vivência da Residência Multiprofissional nos é sentida de forma tão intensa, e nos absorve mais que a carga horária exigida.

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