A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

95 Elisiane Zorzi e Marciane Diel rios(as), e dificultam as possibilidades de enfrentamento das demandas trazidas por estes(as). É importante que o usuário seja reconhecido como sujeito, de modo que tome conhecimento do conteúdo daquele trabalho e que as informações prestadas não serão banalizadas, ao contrário, pois estão sendo ditas a um profissional que possui qualificação, competência e ética profissional, o que pode permitir a construção de uma relação de confiança mútua (SAMPAIO; RODRIGUES, 2014, p. 91). Outro fator que interfere no bom andamento da prática são algumas posturas de profissionais em relação ao espaço de atendimento, de invasão ou interrupção, ferindo a privacidade das conversas e, até mesmo, o princípio do sigilo. Essas situações acabam dificultando nossa responsabilização quanto ao sigilo profissional, uma vez que nossas conversas com os(as) usuários(as) são interrompidas, deixamos a percepção de que a conversa pode não ser importante, ou que a equipe evidencia uma desresponsabilização no fazer profissional e no cuidado com esses espaços de acolhimento e escuta. O sigilo profissional não pode vir separado da reflexão ética, como se fosse uma simples questão técnica ou mesmo procedimental. As questões que despertam e os dilemas que apresentam ao cotidiano do exercício profissional impelem a necessidade de uma postura analítica da realidade, da clareza do objetivo profissional, que não se deixe burocratizar ou tecnificar, de ações norteadas por princípios éticos no lugar de preconceitos, e de uma competência que não reforce a subalternidade dos usuários do Serviço Social, ao contrário, construa possibilidades de reconhecimento de direitos (SAMPAIO; RODRIGUES, 2014, p. 9). Em relação à Universidade, entendemos que existe uma hierarquia profissional no que se refere aos(às) preceptores(as) e residentes e entre os(as) residentes e a coordenação da Residência, tutores(as), Comissão de Residência Multiprofissional (COREMU). A “Hierarquia profissional consiste em ordenar diferentes níveis ou graus de poder dentro de uma instituição para que se estabeleçam relações entre superiores e subordinados” (CREMESP, 2017). Queremos pontuar o cuidado para que a hierarquia não se torne manifestação de violências ou assédio moral. Podemos considerar como hierarquia: exigir que o(a) residente cumpra horário determinado em contrato; delegar tarefas e orientar o serviço; tratar com respeito

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