A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

93 Elisiane Zorzi e Marciane Diel O problema está quando ocorre um embate de interesses. Não podemos considerar que agimos eticamente se ferimos o interesse do outro em detrimento do nosso. Nessa situação, então, devemos nos despir do “eu” e do “você” para fazermos florescer uma ética universalizada e utilitarista. Porém, só saberemos que estamos invadindo o limite do outro através do seu sofrimento pois é ao vermos o sofrimento de alguém que percebemos que algo se partiu dentro dele, os seus valores foram transgredidos, o seu espaço foi ultrapassado [...] Isso nos faz pensar na importância do debate ético. Sabemos que no nosso cotidiano precisamos agir de maneira cautelosa e segura, sem invadir o espaço do outro. Sabemos que é necessário refletir sobre as nossas atitudes para podermos agir corretamente. E podemos reconhecer também que esta deve ser uma ação coletiva. Portanto, só através de uma discussão de valores poderemos chegar a uma atitude legitimamente ética e construir uma sociedade futura com princípios firmes e embasados na ética para uma convivência moralizada (CUMMING, 2003, p. 4-5). Segundo Paroski (2007), o assédio moral, por vezes, é velado: “A conduta que causa o assédio moral não precisa ser explícita, e em expressivo número de casos não o é, manifestando-se de forma tácita, através de gestos sutis e palavras equívocas, justamente para dificultar sua identificação”. Ainda, Em outros casos, mais graves e evidentes, o assédio moral se mostra de forma expressa, através de determinações claras e diretas do empregador, a exemplo de deixar o empregado isolado numa sala e sem trabalho, ou modificar suas atividades profissionais, determinando a realização de tarefas mais singelas, aquém de sua capacidade (PAROSKI, 2007). Outro elemento que caracteriza assédio moral é quando “O assediador demonstra, na maioria dos casos, preferência pela manifestação não verbal de sua conduta, para dificultar o desmonte de sua estratégia, bem como, o revide pela vítima” (PAROSKI, 2007). Como exemplo, podemos citar: “[...] suspiros, sorrisos, trocadilhos, jogo de palavras de cunho sexista, indiferença, erguer de ombros, olhares de desprezo, silêncio forçado, ignorar a existência da vítima, etc.” (PAROSKI, 2007). Ou pode se dar através da fofoca, zombarias, insultos, deboche, isolamento, ironias e sarcasmo, que são mais fáceis de serem negados em caso de reação, pois, o assediador não costuma honrar seus atos, sendo comum se defender, quando acusado, alegando

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