A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

84 Capítulo V – Residência multiprofissional: o papel da instituição formadora no processo do... A dificuldade de considerar a avaliação como um processo reflexivo e transformador; acabou por ser demonstrada quando se identificou que nos relatos de muitos programas ainda está ausente à discussão dos processos de avaliação e/ou a articulação desta com o desenvolvimento dos objetivos pedagógicos propostos pelo Programa de Residência Multiprofissional numa perspectiva formativa. Há necessidade de aprofundamento da discussão sobre critérios de avaliação que trabalhem as ações e intervenções do profissional residente e a aquisição das competências propostas. E principalmente a avaliação do próprio programa, do seu impacto na rede, da sua possibilidade de formar profissionais para os serviços onde são inseridos os residentes. Neste sentido, acreditamos que o papel das e dos Residentes não é dissociado do papel dos demais atores e instituições no processo de construção e consolidação, tanto dos próprios programas como das políticas públicas. Porém, entendemos ser de suma importância que todos saibam e compreendam o quê e como cada um pode contribuir neste caminho de tantas intensidades, desafios, aprendizados e transformações. O que temos experienciado neste processo de “ser” Residente é que em muitos momentos e situações, as instituições formadoras reproduzem, através de normas e fluxos bastante burocratizados, um sistema que não dá conta da dimensão emocional e intelectual que é a imersão na Residência. Isto gera dificultadores e impõe questões contraditórias à ideia inicial da formação em serviço. Concluindo Compreender o processo complexo e diverso que constitui os Programas de Residência é também compreender o diferencial que existe em uma/um profissional de saúde residente, que vivencia este processo incansavelmente durante dois anos de sua vida e que, mais do que um título, deseja participar democraticamente da construção e materialização deste programa, dentro da instituição e fora dela. O desafio da instituição formadora está, desta forma, implicado não só com a qualificação teórico-metodológica de profissionais de distintas áreas da saúde, mas em perceber estas/es profissionais como agentes político-sociais. Para além de uma simples especialização, a Residência Multiprofissional se caracteriza como uma escolha política em direção à construção de um projeto coletivo que acredita e aposta na ampliação, qualificação e fortalecimento das Políticas Públicas.

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