A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

82 Capítulo V – Residência multiprofissional: o papel da instituição formadora no processo do... No processo de formação do residente, a população, o controle social, a equipe da unidade, as escolas do bairro são convidados a pensar e a produzir espaços de saúde, de qualidade de vida e é neste ethos que se dá a formação dos residentes. Problemas complexos, respostas coletivas (BRASIL, 2006, p. 14). Assim, a instituição formadora tem o papel de, conjuntamente com a/o residente, movimentar esse ciclo, instigando a reflexão constante sobre o vivido com o intuito de que estas/es profissionais, ao retornar aos espaços de promoção de saúde, possam ser energias potentes no cuidado e na atenção integral às cidadãs e aos cidadãos que dele necessitam. Mais do que simplesmente preparar para o mercado de trabalho, a instituição formadora deve ter como papel principal a construção de conhecimento, priorizando a razão crítica em detrimento da razão instrumental (VAZ, 1999). Na verdade, as relações entre mercado de trabalho, prática profissional, estrutura acadêmico-administrativa dos cursos e prática educativa são constituídas de inúmeras interfaces de mão dupla, uma mudança não se constrói plenamente sem a outra. Como resultado de jogo de forças, todavia, a não ocupação privilegiada com a educação dos profissionais de saúde na implementação da reforma sanitária corresponde à não priorização da formação para essa transformação setorial e, por consequência, a sua fragilização (CECCIM; FURLA, 2008, p. 5). É dentro deste contexto de disputas de projetos políticos e tecnoassistenciais que necessitamos olharmo-nos e conseguir nos posicionar enquanto instituições políticas e éticas para nortear os demais atores que compõem este processo de lutas e fortalecimento de políticas públicas. Assim, é necessário entender que, ao realizar tal escolha, faz-se imprescindível olhar de forma ampliada para este projeto, para então desenvolver a consciência sobre a responsabilidade e compromisso social ao qual se está implicando. Os/as profissionais que decidem pelo ingresso no Programa de Residência exercem a opção pela continuidade de seu processo de formação, que igualmente é permeado pela Universidade, mas que, diferentemente da graduação, neste momento requer ocupar um lugar que rompe com as estruturas rígidas e prioriza a formação baseada na transformação das realidades. É neste sentido que, para além de um espaço de discussão acerca do vivido em campo pela/o residente, o papel da instituição formadora está atrelado a instigar processos democráticos e

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