A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

73 Camila Martins Sirtoli e Tamires Dartora Concluindo Realizar uma formação através da Residência Multiprofissional em Saúde Mental significa acreditar na potencialidade de um fazer abrangente que ultrapassa a clínica tradicional de cuidado. É optar por uma formação baseada nas políticas públicas, princípios e diretrizes do SUS e pelos ideais da Reforma Psiquiátrica. Trata-se um posicionamento político e de uma escolha por uma formação ancorada pelo modelo assistencial em saúde que tenciona um cuidado que não faça o indivíduo ser refém de sua doença, objetivando dignidade e cidadania. Por se tratar de uma formação historicamente perpassada pelos moldes de regime de internato, falta de reconhecimento legal e valorização, incompreensão de sua função e sendo entendida como um “treinamento” (legitimando a rigidez deste processo), muitos(as) residentes vivenciaram e ainda vivenciam experiências de exploração de seu trabalho em distintas realidades, revivendo a lógica da produtividade em massa. Esse tipo de entendimento a quem opta por uma formação em serviço e não considera as subjetividades presente no decorrer deste processo, acaba por resultar no cenário de sofrimento e desgaste desses(as) profissionais. Nesse sentido, este capítulo teve a pretensão de chamar a atenção para a importância que esta temática necessita, muitas vezes deixada de lado inclusive pela escassez de produções que retratam a realidade dos(as) residentes (CARVALHO et al., 2013). Paulon et al. (2014) pontuam a necessidade de trazer o adoecimento dos(as) profissionais de saúde, incluindo residentes e estagiários(as) para o campo das discussões com a finalidade de se colocar em análise seus processos de trabalho. Portanto, torna-se significativamente relevante a oferta de atenção e cuidado humanizado a quem opta por esta formação. Mais do que isso, há a necessidade de impulsionar a extinção da precarização da nossa formação, repensando a Residência no sentido da formação teórica e prática orientada pela integralidade juntamente com a coordenação, preceptoras(es), tutoras(es) e residentes. Possibilitando a ampliação da concepção dos papéis de cada um desses atores envolvidos neste processo de formação. É o reconhecimento do modelo psicossocial de saúde e da formação idealizada pelas(os) residentes, retornando o que já foi definido na Reforma Sanitária (DALLEGRAVE; KRUSE, 2009). E questionar, especialmente, qual residência estamos fazendo? Quais profissionais estamos formando através dela? Este trabalho vai de acordo com Carvalho et al. (2013) quando dizem que resultados obtidos com pesquisas a respeito da saúde mental

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