67 Camila Martins Sirtoli e Tamires Dartora ram, portanto, trabalho, porque visam produzir efeitos, buscam alterar um estado de coisas estabelecido como necessidades. Assim, além de orientadas pelos saberes científicos, são também constituídas a partir de sua finalidade social (MERHY; FEUERWERKER, 2009). O cotidiano do trabalho em saúde possui duas faces: uma delas são as normas e os papéis institucionais e a outra são as práticas privadas de cada trabalhador(a) (MERHY, 2002). Os valores e ideias referentes à concepção de saúde, do trabalho em saúde e como o mesmo deve ser executado variam a cada trabalhador e trabalhadora, de acordo com seus valores e/ou interesses, utilizando seus espaços de autonomia para atuarem da maneira que acreditam ser mais correta (FEUERWERKER, 2005). Para Laranjeira (2009), o meio laboral é cada vez mais reconhecido como uma das causas determinantes da saúde dos seres humanos e dos grupos. Segundo o autor, a atividade profissional detém implicações negativas e positivas, tanto para os indivíduos quanto para as organizações. O trabalho está relacionado a tudo aquilo que se pode obter através dele, como fonte de rendimento econômico, meio de sobrevivência e estatuto social, atribuindo sua própria identidade à sua execução profissional, além de aspectos psicológicos importantes que ajudam a enriquecer a autoestima do indivíduo. Quando uma pessoa gosta de seu trabalho este se torna uma fonte de motivação, realização pessoal e crescimento psicológico; no entanto, pode tomar, igualmente, aspectos negativos. Isso acontece em função das pessoas não gostarem de sua prática laboral ou não serem capazes de acompanhar as novas tecnologias, sentimento de ameaça pela precariedade do emprego, atrito com os colegas, trabalho em excesso, pela obrigação de ter uma fonte de renda ou devido a outras características do emprego que desempenha (LARANJEIRA, 2009). A relação dos sujeitos com o trabalho é estabelecida através da relação com o outro e com o fato de que o(a) trabalhador(a) ancora-se em uma contribuição. O(A) trabalhador(a) em troca de sua contribuição, investimento profissional, espera uma retribuição. Esta é, acima de tudo, uma retribuição moral, estando na dimensão simbólica. É o reconhecimento da qualidade de seu trabalho e da sua contribuição. Mesmo com impactos materiais, seja por prêmios, adiantamentos ou do próprio salário, o verdadeiro impacto psicológico está ligado à dimensão simbólica (DEJOURS, 2004). Segundo Merlo (2014, p. 18), “as pessoas pensam não apenas durante o tempo de trabalho, mas elas levam isso para casa”. Assim, exigindo do(a) trabalhador(a) uma implicação pessoal considerável para
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