59 Sophia Luar Araújo Patrício e Vanessa Ruffatto Gregoviski A Residência Multiprofissional Em 1976 foi criada no Brasil pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, em sua Unidade Sanitária denominada São José do Murialdo, a primeira Residência em Medicina Comunitária. Sua proposta incluía formar profissionais com uma visão integrada entre saúde clínica, saúde mental e saúde pública, com perfil humanista e crítico, com competência para uma boa resolubilidade das necessidades de saúde da comunidade. Dois anos depois, a Residência do São José do Murialdo se torna multiprofissional, abarcando profissões para além da medicina (MS, 2006). Após muitos debates e lutas, no ano de 2002 foram criadas dezenove residências multiprofissionais em saúde da família com financiamento do Ministério da Saúde e, mesmo que com formatos diversificados, tinham como perspectiva o trabalho com olhar integrado entre todas as profissões da saúde. Foi quando em 2005, sob a Lei nº 11.129, institui-se a Residência em Área Profissional da Saúde, excetuada a área médica (BRASIL, 2006b). Ainda no ano de 2005, ocorre o I Seminário Nacional de Residências Multiprofissionais (SNRM) com a participação de todos os atores envolvidos nesse processo. Isto deu início às diretrizes e normas da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde (RIMS) e da Comissão Nacional de Residências em Saúde (CNRMS), que mais tarde foi regulamentada pela Portaria n° 45 de 2007 (CAMPOS, 2006). Os programas apresentaram grande variedade de desenhos metodológicos, mas todos, em uníssono, defenderam a utilização de metodologias ativas e participativas e a educação permanente como eixo político-pedagógico. Como exemplo, pode-se citar a formação de preceptores e tutores antes de iniciar o programa, assinalando para a necessidade de qualificação permanente dos profissionais envolvidos (BRASIL, 2006b). A proposta do ensino em serviço defendida pelas Residências é a de formar profissionais de saúde para atuar em equipe multiprofissional nas mais diversas subáreas da saúde fundamentada nos princípios e diretrizes propostos pelo SUS (CAMPOS, 2006). Para Vasconcelos (2013), a residência levanta a necessidade de novos aportes teóricos a partir daquilo que a comunidade e os serviços demandam. O autor afirma que o programa deve se contrapor ao modelo médico centrado, buscando suscitar uma análise histórica e crítica, inserindo-se na comunidade também de forma crítica e comprometida, consolidando assim um espaço de educação permanente pautado no modelo biopsicossocial.
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