54 Capítulo III – A precarização do trabalho e da saúde Dessa forma, esse capítulo analisará como a precarização do trabalho impacta no profissional, especialmente aquele que atua na área da saúde. Além disso, buscar-se-á compreender de que forma a precarização está presente neste cenário e de que forma repercute sobre o fazer do trabalhador, incluindo aqui a categoria de residentes multiprofissionais. A flexibilização do trabalho A precarização do trabalho gera inúmeros sofrimentos ao indivíduo, inclusive debilitando sua saúde. Druck (2002) afirma que há uma tensão constante e crescente que vem sendo vivida pelos trabalhadores, em que é exigido o seu máximo, porém são ofertadas condições precárias de trabalho. Druck (2002) diz ainda que não há como separar o termo flexibilização do termo precarização do trabalho. Para ela, os indicadores analisados na França, no Japão e no Brasil demonstram claramente a indissociabilidade desses termos já que há provas do desenvolvimento correlacionado do trabalho flexível e precário nessas localidades. Os anos 1990 teriam sido um marco neste quesito graças à reestruturação neoliberal. Para a autora, a resposta à crise do fordismo se agravou com tamanha flexibilização e exemplos disso podem ser vistos nas terceirizações, nos empregos temporários, nas atividades autônomas ou informais, entre outros. Antunes (apud DRUCK, 2002) acredita que há uma intensificação do trabalho como nunca vista, indo em direção ao individualismo e contra formas coletivas e sociais, podendo alienar aqueles que estão em condições precárias de trabalho. Nesse sentido, enquanto os vínculos de trabalho se tornam cada vez mais debilitados, há uma exigência de maior envolvimento dos trabalhadores com suas funções. Franco (apud DRUCK, 2002), utiliza o termo “Karoshi” – morte súbita por excesso de trabalho – para referir-se à gravidade desta flexibilização. Entende-se que a intensidade e a sobrecarga de trabalho é um tema gravíssimo, impactando diretamente na saúde do trabalhador. O Karoshi tem como características as mesmas condições que o trabalho flexível toyotista impõe: longa jornada de trabalho, excessivas horas extras, escalas irregulares, trabalho até tarde, excessiva duração, entre outras.
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