A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

43 CAPÍTULO II – MODELO DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E A UTOPIA DA SUA LEGITIMAÇÃO Ana Carolina Einsfeld Mattos1 Priscila dos Santos Góes2 Vanessa Ruffatto Gregoviski3 A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” (GALEANO, 2000, p. 102). Quando falamos em Reforma Psiquiátrica nos referimos à mudança de um paradigma. O primeiro passo da desinstitucionalização preconizada por meio desta reforma é a desconstrução do paradigma psiquiátrico, ou seja, a ruptura do modelo epistemológico da psiquiatria que construiu todo um aparato técnico, científico, jurídico, político e social em torno de um objeto abstrato que é a doença mental. (AMARANTE, 2007). Visando denunciar as condições degradantes da assistência que era prestada nos asilos e hospitais psiquiátricos, os trabalhadores de saúde mental realizaram uma autocrítica sobre o papel que vinham desempenhando e o quanto o (des)cuidado prestado era de baixa qualidade, exercido de forma desrespeitosa e segregadora com os pacientes com transtornos mentais. É nesse contexto que os trabalhadores (re)pensam seus fazeres e assumem um novo papel político, visando a transformação dessa realidade (FRAGA; SOUZA; BRAGA, 2006). Veio à tona a necessidade de lutar pelo resgate da cidadania das pessoas em sofrimento mental durante a I Conferência Nacional de Saú1 Nutricionista, especialista em Saúde Mental, e mestra em Ciências Sociais 2 Nutricionista, especialista em Saúde Mental. 3 Psicóloga, especialista em Saúde Mental, e mestranda em Psicologia Clínica.

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