A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

37 Monique Scapinello Com a aprovação da PEC 241 (BRASIL, 2016) – conhecida como PEC da Morte por congelar os gastos públicos nos próximos vinte anos nos setores de saúde, educação e assistência social – muitas das conquistas do SUS estão ameaçadas. Abrem-se, assim, lacunas importantes a serem ocupadas pelo capital privado, podendo deixar milhares de cidadãos brasileiros sem cobertura e acesso a cuidados em saúde de qualidade. Em Nota Técnica proposta pelo Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (IPEA), publicada em setembro de 2016, Rossi e Dweck elucidam a necessidade de um amplo e transparente debate acerca da complexidade e dos impactos que sofrerão as políticas públicas, a economia e a população em geral. A aprovação da emenda foi um dos resultados da manobra política cometida após o golpe de 2016, caracterizado pela tomada sorrateira do poder protagonizado pela direita conservadora do país. Em entrevista à Carta Capital, o Ex-Ministro da Saúde e militante da Reforma Sanitária José Temporão, dá sua opinião: [...] Todos nós, especialistas em saúde pública que militam pela reforma sanitária há décadas, estamos estarrecidos com essa proposta. De um lado, ela denota a ignorância do governo sobre a dinâmica do setor de saúde. Bastaria fazer uma consulta ao portal Saúde Amanhã, da Fiocruz, que abriga uma série de estudos prospectivos dos impactos das transformações econômicas, políticas e sociais no campo da saúde para as próximas décadas, para que a PEC 241 fosse repensada (TEMPORÃO, 2016). Diante deste cenário histórico-político, se faz necessário unir forças e afetos a fim de defender a legitimidade de um sistema de saúde universal, público e com o devido respaldo estatal. Concluindo Traçar linhas e fazer amarras na rede de atenção à saúde não é trabalho simples. Mesmo amparados pelos direitos introduzidos nas áreas da saúde, da previdência e da assistência social é imprescindível a sociedade ocupar-se da ampliação e garantia dos recursos destinados ao financiamento dessas três áreas, integrantes da Seguridade Social (MENDES; FUNCIA, 2016). A Reforma Sanitária e a luta pelo SUS possuem uma história de conquistas na luta pela garantia de direitos aos usuários em caráter universal, equânime e integral. Do mesmo modo, os princípios e diretri-

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