A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

27 Ana Carolina Einsfeld Mattos e Monique Scapinello da reforma sanitária e da implementação do SUS foi o de aproximação da saúde ao princípio de cidadania plena, que reconhece o direito igual a todos os cidadãos, independentemente de serem ou não contribuintes de um sistema, de terem acesso a bens e serviços de saúde de forma universal (PEREIRA, 1996). Fava e Sonino (2008) esclarecerem que o processo saúde-doença é o resultado da interação de mecanismos orgânico-fisiológicos, interpessoais e ambientais, o que vai de encontro à crítica que diz que a relação saúde-doença é um processo biológico, hereditário, independente de contexto sócio-político-histórico e de determinantes e condicionantes sociais. Tal posicionamento diante do cuidado em saúde deixa claro que a saúde não é unicausal, tampouco a ausência de doença, como tratada no modelo biomédico. A visão ampliada, aqui descrita, é apoiada pela importância de olharmos o sujeito na sua integralidade e complexidade e o papel da residência frente ao cuidado em saúde, deve manter posicionada tal descrição nos contextos de atuação e formação. Para além, a integralidade no cuidado em saúde aos usuários é um dos princípios do SUS, que abrange considerar as especificidades de pessoas ou grupos de pessoas, ainda que minoritários em relação ao total da população, ou seja, integralidade no cuidado em saúde é levar em consideração as necessidades de cada indivíduo e a partir delas contemplar as demandas de saúde (BRASIL, 2008). Visto essa emergência paradigmática é preciso que a concepção de que há os que nada sabem e os que sabem tudo seja revista, reinventada. A cultura, as crenças, valores e opiniões da comunidade em sua pluralidade e dos indivíduos em sua singularidade devem ser levados em conta. Tal atitude pressupõe um esforço de não admitir essa compreensão de forma secundária, desimportante, ilustrativa ou mesmo, coadjuvante no processo, como acontece em muitas situações. Tais fatores são essenciais e podem ser determinantes na construção do seu cuidado em saúde. Assim, tem-se como base essa aliança do indivíduo com o seu próprio caso, mediante as perspectivas do que se torna relevante agregar e que contribuem para a eficácia desse processo, na lógica da autonomia e empoderamento dos sujeitos (PRADO; FALLEIRO; MANO, 2011). REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização.

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