A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

22 Introdução – resistir também é coletivizar processos no campo de prática ou na instituição formadora, mas nos mais diversos espaços de formação que nos são ofertados socialmente, assim como nas nossas próprias residências particulares. É compreender que a saúde mental (e acreditamos que a saúde como um todo) não pode ser reduzida a simples hora-relógio, mas que ela se dá de uma forma muito particular e intensa, extrapolando qualquer hora que possa ser contabilizada, levando-nos, por muitas vezes, à exaustão. Para tanto, nossa construção coletiva foi, de fato, um terreno de sustentação. Tornamos esse processo um construto de trocas, apoios e reciprocidade com vistas aos dilemas enfrentados individual e coletivamente no cotidiano. Este livro é a prova que resistir é também coletivizar os processos, pois ao assumir o “nós” percebemos que, no mínimo, não estaríamos em luta sozinhas. Das diversas discussões nestes dois anos, compilamos alguns assuntos que julgamos ser orientadores para a prática da residência em saúde mental, estes foram divididos em capítulos sequenciais e inter-relacionados. Logicamente nossa alçada não atinge todas as indagações, mas, possivelmente, ao relatar nossa vivência, teremos atingindo muitos campos de discussão. No capítulo I a discussão acerca da Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde (SUS): da luta à construção de um sistema de saúde para todos. É sabido que o SUS que hoje é acessado pelos cidadãos de maneira universal, equânime e integral, não foi sempre assim. Para ele constituir-se nestas modalidades algumas construções foram feitas ao longo das décadas, sempre permeado pelos movimentos sociais. O capítulo II discorre sobre o Modelo de cuidado em saúde mental e a utopia da sua legitimação. Como podemos fortalecer a(s) atuação(ões) em saúde mental que acreditamos? O fortalecimento que visamos tem como ética o olhar proporcionado pela humanização, com novas referências de sociabilidade, novos contratos sociais de relações e um lugar político-social inclusivo, como espaço de vida e como inversão do modelo hegemônico de assistência psiquiátrica. Já no capítulo III, pensamos na Precarização do trabalho e da saúde. O sucateamento e consequente precarização do trabalho que geram o desgaste físico e emocional dos envolvidos nesse processo, objetivando demonstrar uma discussão teórica sobre aspectos considerados chaves: a flexibilização do trabalho, as jornadas de trabalho, o direito às greves e paralisações, a precarização na saúde e a residência multiprofissional. No capítulo IV, refletimos Formação e saúde: residentes multiprofissionais em questão. Percorremos a compreensão e atenção ao cuidado em saúde mental levando em consideração a experiência através da forma-

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