112 Conclusão – Seguimos sonhando: resistência e utopia ampliada que exercemos, o de complementariedade de conhecimentos através do outro, e o fortalecimento no e com o próximo. Destacamos o quanto foi essencial estarmos umas ao lado das outras para encontrarmos vias de escape ao sofrimento que vivenciamos nesse processo tão intenso. Afinal, como buscamos abordar ao longo desses capítulos, nem sempre estivemos em lugares (concretos ou simbólicos) em que nos sentíamos cuidadas e respeitadas e, muitas vezes, nos sentimos adoecidas e sobrecarregadas. Além disso, reafirmamos o quanto foi e é essencial para nós enquanto profissionais que acreditam e defendem veemente um sistema de saúde que é PÚBLICO, UNIVERSAL e EQUÂNIME, passar por esta experiência em que nos experimentamos como profissionais atuantes em serviços e políticas de saúde mental. Presenciamos e vivenciamos situações que nos marcaram das mais diversas formas, denunciamos atrocidades (com nossas palavras e nossos corpos) e escancaramos aquilo que outros não se atreviam permitir vir à tona, mas também criamos laços que perpassaram as 5.760 horas exigidas em um programa, construímos a nossa própria coletividade, aprendemos a conviver diariamente com aquilo que é estranho e aprendemos a estranhar o que nos era familiar, dançamos e comemoramos conquistas mesmo quando em espaços duros, trouxemos aqueles que são diariamente marginalizados para debater saúde mental em plena universidade e todos seus controversos espaços conservadores, botamos “loucos” na rua e criamos hortas em paredes de concreto... Construímos nossa microrrevolução e nos tomamos da luta em busca da utopia. Esperamos, sinceramente, que esses capítulos tenham criado um espaço de discussão acolhedor sobre como se dá esse processo e que contribuam à reflexão em épocas tão nefastas, extremistas e perversas. Daqui, persistimos com nossa ética de cuidado, reivindicamos sonhos e, mais do que nunca, não soltaremos a mão de ninguém enquanto vamos ao encontro do utópico.
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