A saúde mental em evidência: narrativas de um caminho utópico

107 Andréia Aparecida Sates de Lima e Carine Capra Ramos direito de controle, fiscalização, formulação e acompanhamento dos processos que envolvem as residências como um todo. Além disso, como discutido anteriormente, o controle social está vinculado também ao processo de análise de implicações, sendo o coletivo um espaço potente de apoio mútuo para a construção e desconstrução de práticas no fazer em residência, em saúde pública, em saúde mental, dentre outras instituições que se atravessam o cotidiano. Compreende- -se que a análise de implicações realizadas no coletivo, enquanto espaço informal, dá luz às forças invisíveis que tencionam a reprodução de um fazer tecnicista e manicomial (COIMBRA; NASCIMENTO, 2008; PELBART, 2001). Essa análise acontece em um processo coletivo, sendo “necessário convocar o sentido, colocá-lo em questão, obrigá-lo a falar” (ARDOINO; LORAU, 2003 apud MERHY, 1997). Quais são os espaços produtores de sentido assegurados pelo processo de formação? Concluindo Conclui-se então que esta análise reflexiva representa apenas o início de um grande processo de construção. Segundo Foucault (2003, p. 13), “Existem momentos na vida os quais a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou refletir”. O presente capitulo, objetivou traçar uma reflexão inicial sobre o controle social que temos e o que desejamos, bem como problematizar a garantia dos espaços em que se realiza análise de implicações. Compreendemos o dispositivo controle social, portanto, para além do papel fiscalizador das políticas públicas, esse conduz um aspecto mais sutil que contempla ainda o “não instituído”, enquanto controle social, como: os espaços de construção coletiva de sentidos, onde as(os) que não tem voz (pelo fato de não ocuparem uma cadeira específica) passam a ser ouvidos e escutados nos seus reais anseios por condições dignas de saúde e de vida. E assim, de fato, conseguem expor suas demandas, enquanto cidadãos pertencentes a determinado território. Contudo, ainda hoje esses espaços de construção coletiva não são reconhecidos como espaços de controle social de fato. Intentamos por meio da fundamentação teórico-prática esplanada neste capitulo, ampliar horizontes em prol da legitimação dos espaços coletivos de sentido, no qual os residentes multiprofissionais encontram-se inseridos, tais como ações autogestionadas e de reivindicação social enquanto práticas de controle social. Firmando que a nossa participação nesses espaços de co-construção de sentidos seguirá ativa, institucionalizada ou não. Por compreender que o programa de residência multiprofissional

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