Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
88 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 pesquisador, para que eles possam, por si mesmos, estabelecer as estra- tégias de registro da sua experiência (LABREA, p. 2017). Dessa forma entendemos que é uma estratégia adequada a sua utilização, considerando a riqueza de detalhes e a complexidade de elementos que compõe o universo da Comunidade Morada da Paz (CoMPaz). Busco cartografar a CoMPaz, sendo um dos seus cofundadores, Bábà Guardião do Conselho de Anciões(ãs), sem a pretensão de esgotar essas temáticas (lugar, território e territorialidade), uma vez que cada uma delas pode nos levar a uma gama imensa de reflexões, que poderão ser aprofun- dadas em outros textos a posteriori a partir da busca dos significados subje- tivos que cada um de seus moradores(as) possa lhes atribuir. SOBRE A COMUNIDADE... Meu Kilombo tá lindo como o quê, Meu Kilombo tá lindo como o quê. Ô mamãe, abraça eu mamãe, Embala eu mamãe, cuida de mim! (Orin (rezo sagrado) entoado nos rituais da CoMPaz). Nossos ancestrais kilombolas em sua grande maioria construíram suas comunidades após um processo de fuga devido à condição de escravi- zação a que foram submetidos no Brasil e em toda a América Latina. Reali- zamos um movimento com algumas singularidades. Não saímos das fazen- das para locais interioranos de difícil acesso e localização, numa migração rural-rural como eles, mas fizemos um percurso da cidade para o campo, ao adquirirmos um terreno de 4,2 hectares em 2002, quando iniciamos na CoMPaz um trabalho de profunda entrega à espiritualidade, de conexão com a terra e todos os seres vivos. Figura 21: CoMPaz – Nação Muzunguê (2019-2020). Acervo CoMPaz.
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