Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta

54 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 Sem abrir mão da sua história, tradições e religiosidade, vemos que no Território de Mãe Preta os mais novos produzem várias manifestações culturais contemporâneas, como poesias e músicas, nas quais traduzem es- teticamente a violência simbólica que sofrem em cada episódio de precon- ceito racial ou de gênero que vivenciam fora do território. Uma música do Coletivo Maracatu Semente de Baobá, formado pelos jovens moradores e moradoras do kilombo, descreve as situações de preconceito e arbitrarieda- des que os jovens kilombolas estão sujeitos: Figura 15: Odomodê CoMPaz. Acervo CoMPaz. É, quando eu vou no mercado Vejo o segurança me seguindo, todo espiado. (...) Na madrugada todo mundo voltando do fervo E mesmo assim, a polícia para o negro. Muitas vezes são de bem, estavam só na curtição Mas para eles temos mesmo é cara de ladrão. (...) Ai eu me deparo com a situação: A polícia gritando e eu deitado no chão. Não importa quantas vezes eu paro e pense Nunca parece ter um motivo convincente. Ayan (2017) Não obstante todas as dificuldades, todos moradores da CoMPaz veem na educação uma possibilidade de qualificar sua presença no Territó- rio e lutam por uma escola enraizada, dialógica, que propõe um projeto hu- manizado e humanizador, de cunho emancipatório, construído a partir do

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