Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
53 UM JEITO DE SER E VIVER NO KILOMBO DE MÃE PRETA quisadas junto aos mais velhos e às mais velhas dos povos e comunidades tradicionais e que falam dessas brincadeiras tradicionais que aparecem em várias tradições e temporalidades. O brincar educa e ensina a história e a cultura dos povos africanos e afro-brasileiros. Todos os jovens e as crianças do Território frequentam a escola regular, fora da CoMPaz, têm bom rendimento escolar e os jovens se preparam para o vestibular em universidades públicas. As crianças e jovens que cursam o ensino fundamental têm que caminhar muito para chegar à escola porque não há transporte público disponível e os jovens que cursam o ensino médio tem que ir até Porto Alegre para poderem cursar a escola pública. As crianças pequenas – entre dois e quatro anos – que ainda não fre- quentam a educação infantil participam de atividades educativas no kilom- bo, antecipando as vivências de desformação na CoMKola, a Escola Co- munitária Kilombola Epè Layié – que significa terra viva , gestada desde 2013 e que está em vias de se concretizar: os trâmites burocráticos para sua implementação estão sendo organizados, seu projeto político pedagógico sendo elaborado e o local já viabilizado. Figura 14: Omorodê CoMPaz. Acervo CoMPaz. A CoMKola surge da necessidade de uma educação biocêntrica, inter- cultural, baseada na diversidade, na cooperação e nos direitos humanos, que contemple a história e a tradição dos povos africanos que compõem a popu- lação brasileira porque apesar de previsto na legislação – Lei 10639/03, as escolas públicas raramente incluem em seu currículo disciplinas de história e cultura africana e afro-brasileira. A ideia é que os mais novos possam ser alfabetizados já na escola kilombola e ter acesso a uma educação que valo- rize sua história e cultura.
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