Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
49 UM JEITO DE SER E VIVER NO KILOMBO DE MÃE PRETA nheiro, é o tempo, a força de trabalho, os diferentes níveis de conhecimen- tos, os interesses são também contribuições que cada morador oferece, a partir das suas condições de existência. Figura 11: Pão de Quê! CoMPaz. Acervo CoMPaz. Para a comunidade tudo pode ser recurso: o tempo e a presença, os bra- ços disponíveis para auxiliar no plantio ou na construção de estruturas dentro do território, pessoas dispostas a cuidar das crianças, a cozinhar, a tecer relações com outros coletivos externos, todo trabalho e dedica- ção de tempo dados a comunidade são percebidos como recursos. O que chamam espiritualidade, e suas muitas ferramentas, fornece recursos de cura, de cuidado, de “manutenção energética”. A natureza oferece recursos, de cura, de alimento e nutrição, de moradia. As doações de comida, de roupa (a partir da qual a comunidade seleciona o que de- seja para si e o restante alimenta o brechó que realizam), de materiais de construção ou outros. Materiais reciclados podem ser recursos de artesanato, assim como retalhos de tecidos. O dinheiro, portanto, não é concebido como o único recurso. Ao contrário, é tomado como um entre tantas possibilidades (FLORES, 2018, p. 217). Na busca pelo bem viver seus doze moradores adultos – três homens e nove mulheres – aos poucos foram deixando seus empregos na cidade, seguindo a orientação de Mãe Preta, e se dedicaram a transformar a Morada em um espaço do qual tiram seu sustento por meio de vários projetos ali desenvolvidos – tem hortas de verduras, legumes, chás e temperos, pomar de frutíferas, tudo orgânico ao lado de matas nativas. As mulheres e jovens
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz