Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
32 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 para com todos os seres humanos ou não humanos, principalmente para com um Olùwá 1 , mestre e pessoas mais velhas, sejam elas de dentro do território ou de fora dele. Postura diante de um(a) Olùwá e de uma Yalaşé: • Quando a Yalaşé e/ou um(a) Olùwá entrar em uma sala, levante- -se cordialmente, curve-se entoando o Namastê Ojírè ! • Se houver no local aquela que é reconhecida como Tojú Áláà- fiá (guardiã da paz), uma Bukun e/ou uma Ekedi, deve-se evocar OLÙWÁ BUKUN (bençãos às(aos) detentora(res) de um saber). • É recomendável somente sentar-se após a Yalaşé e/ou Olùwá. • Saúde tanto na chegada quanto na partida a Yalaşé , oferece-se o Namastê Ojírè seguido de uma prostração que é levar as mãos da Yalaşé até o Ori (cabeça) de quem a está saudando. • Quando se saúda um detentor de saber ( OLÙWÁ ) oferece-se o Namastê Ojírè seguido de um abraço sagrado. • Quando quiser receber algum ensinamento, empoderamento, au- diências privadas é recomendado pedir licença. Faz-se a saudação Agoyiè Mojùbá (peço licença para ter a sua benção). • O adequado é sentar-se de pernas cruzadas, recomenda-se que em círculo ou semicírculo. Nunca se deite, pois isto é considerado uma indelicadeza. O zelo, o cuidado, o respeito, a atenção são de suma importância na Irmandade da Casa da 7ª Ordem, bem como fora da Morada. O ancião cumprirá “a religiosa função de unir o começo ao fim, de tranquilizar as águas revoltas do presente alargando suas margens” (BOSI, 2004, p. 82). Os mais velhos, os mestres, os detentores de saberes merecem aten- ção especial, pois ao partilharem o conhecimento estão permitindo a salva- guarda da memória. Com os velhos é que se pode promover a continuidade da cultura e da educação da gente adulta do presente e dos pósteros, das gerações futu- ras, pois permitem, em sua experiência, reviver o que já passou, como as histórias e tradições de um tempo ido, mas que permanecem, de alguma maneira, nos rastros de suas lembranças partilhadas, pois deles ainda fi- cou alguma coisa em nosso hábito de sorrir, de andar. Não se deixam para trás essas coisas, como desnecessárias (BOSI, 2004, p. 74). 1 Olùwá, que em yorùbá significa mestre, guia, é aquela pessoa que desenvolveu a capa- cidade de guiar aqueles que seguem no caminho espiritual (Bongar). Segundo a tradição da Irmandade da Casa da 7ª Ordem pode ser uma Ya (Yabace-Yamoro-Yatebsè), Ele - mojo, BaOgan (que em yorùbá significam detentores de saberes; anciãs, anciões, aquela ou aquele a quem se deve reverência).
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